Summer Carnival '92: Recca (NES)
Gênero: Shooting / Ação
Fabricante: KID / Naxat Soft
Lançamento: 1992
Jogadores: 1 player
Todo mundo que assistiu ao filme "O Gênio do Videogame" deve ter imaginado o quão foda deveria ser participar de um campeonato de games como o que o filme mostrava. Nos EUA e no Japão realmente existiram vários campeonatos (não tão grandiosos como o do filme, é óbvio), e um deles era o Summer Carnival, resposta da Naxat Soft aos famosos torneios promovidos pela Hudson. A Naxat Soft, no entanto, não utilizava games famosos, preferia desenvolver jogos exclusivos para os torneios, geralmente shooters utilizando o Turbografx 16. No entanto, em 1992, ela decidiu criar não um jogo, mas dois, e para plataformas diferentes: o Turbografx ganhou Alzadick e o NES pela primeira vez ganhava espaço no Summer Carnival com um jogo que faria história: Recca.
O nome do jogo significa "fogo flamejante" em japonês, e é um nome apropriado, pois parecia que o NES ia pegar fogo, tamanha a exigência que o jogo fazia dele! Logo na segunda fase você vê efeitos dignos do Mode 7 do SNES, coisa impensável para um surrado hardware de 8 bits que já agonizava. O jogo tem gráficos simples, porém bem feitos e fluidos. A quantidade de inimigos na tela é gigantesca, e se você não estivesse tirando leite de pedra para sobreviver em meio à saraivada de tiros teria tempo para se perguntar como um console que entrava automaticamente em slow-motion com três inimigos na tela em Megaman 1 fazia para manter 60 frames constantes com os 325482 inimigos/tiros/raios simultâneos de Recca. A velocidade do jogo beira o insano, inclusive o chefe final é tão veloz que lembra um dos chefes de Metroid Fusion, um game dez anos mais velho! Sem sombra de dúvidas a KID fez o jogo que melhor aproveitou o hardware do Nintendinho.
A jogabilidade não fica atrás, sua nave responde aos comandos muito bem. Você tem à disposição dez tipos de tiros, divididos entre tiros principais (azuis) e secundários (vermelhos), cada um comandado por um botão do gamepad e ambos com autofire (resumindo: afunde o dedo nos dois botôes ao mesmo tempo e esqueça). O tiro principal carrega uma espécie de escudo se não for utilizado, e ele serve de "bomba salvadora", destruindo tudo quando liberado. Porém, a regra de "um tiro mata" vale em Recca, e pela quantidade de coisas matadoras simultâneas na tela você deve ter ideia de quanto esse jogo é difícil. Graças a São Myiamoto existe um código de vidas infinitas, senão esse seria um jogo que ninguém finalizaria sem save state, ainda mais por ele não ter continues.
Mas nenhuma descrição de Recca seria completa sem falar de sua trilha sonora matadora. Se você é daqueles que, como eu, adora trilhas sonoras eletrônicas como a da série Streets of Rage, vai amar a trilha desse jogo. Ela, inclusive, foi lançada em CD no Japão com tiragem limitadíssima (CD este que é disputado a tapa por colecionadores, assim como o cartucho igualmente raro do jogo). As músicas do jogo são daquelas que você não estranharia se ouvisse na balada, exigindo o máximo do processador de áudio do NES.
O único defeito do jogo foi ter sido lançado com o mesmo nome com que era conhecido no Japão, e no fim da vida do NES. Imagine que você é dono de um NES em 1992 (coisa comum no Brasil mas rara no resto do mundo), e vê na prateleira um jogo chamado "Carnaval de Verão 92". Nunca que você associaria um nome desses a um "bullet hell shooter". Isso fez com que o jogo vendesse muito pouco, e fosse esquecido por muito tempo. Em 2002, a revista especializada japonesa Used Games fez um review do jogo enaltecendo suas qualidades, e logo os jogadores começaram a escavar sebos e sites de venda em busca do jogo, o que o tornou o hoje mais caro cartucho de NES (duvida? Olha isso!). Mas eu digo a vocês que ele vale o que custa, pois é um jogaço! Uma verdadeira joia rara do NES, que o tempo resgatou e redimiu.
NOTA FINAL: 9,8
RECCA PODE SER CONSIDERADO O MELHOR JOGO DESCONHECIDO DA HISTÓRIA. UM SHOOTER PRA NINGUÉM BOTAR DEFEITO, DESAFIADOR E DIVERTIDO. TALVEZ SEJA O ÚNICO GAME DE 900 DÓLARES QUE VALE O QUE CUSTA!
Plataforma:
NES
3 comments:
Taí, um "Jogo que o Tempo (quase) Esqueceu" que eu não conhecia (até me deixou com vontade de ressuscitar a série)...
Acredito que, para ter essa qualidade de imagem e som, o Recca deva fazer uso do chip FM do Nes(e mesmo assim, é um prodígio que a jogabilidade também seja tão boa). Mas pow, pagar 900 Obamas por um cartucho?! Os caras que compraram o cartucho original na época de seu lançamento devem estar rindo à toa da cara dos que não compraram, tanto pela qualidade do game quanto pela valorização em mais de 1000% do preço... se não fossem as roms e os piratas, entretanto, hoje em dia esse cartucho deveria valer mais do que um Playstation 4.
Agora, desde a década de 1980 já existiam sim muitos campeonatos de videogames tanto nos EUA quanto no Japão e na Europa, maiores até do que os do Gênio do Videogame (filme excelente, acho que vou resenhá-lo depois).
"Graças a São Myiamoto existe um código de vidas infinitas, senão esse seria um jogo que ninguém finalizaria sem save state, ainda mais por ele não ter continues."
ISSO POR ACASO FOI UM DESAFIO, TRISTAN?! OLHA QUE EU ZERO!!!
Corrigindo: chip MMC6 ou VRC7, sendo que este último é que faz a síntese de FM.
@Azrael_I
Se quer tentar, vai fundo, mas procure fazer isso longe de objetos frágeis, pra não correr riscos de quebrar o que não quer quando for arremessar o controle longe!
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