Perfil: Rare
Games mais marcantes: Battletoads (NES, 1991); Donkey Kong Country (SNES, 1994); Killer Instinct (SNES, 1995); Goldeneye 007 (N64, 1997); Banjo-Kazooie (N64, 1998)
Último lançamento: Kinect Sports Rivals (Xbox One, 2014)
A Rare nasceu oficialmente em 1985, mas os irmãos fundadores da empresa, Tim e Chris Stamper, já trabalhavam independentemente com jogos havia dois anos. Sua empresa, inicialmente intitulada "Ultimate Play the Game", desenvolvia jogos para computadores da época (ZX Spectrum e Commodore 64), e chegou a fazer um certo sucesso com jogos como Sabre Wulf e Knight Lore. Porém, como todos sabemos, jogos de computador são muito mais fáceis de piratear, o que levou os irmãos a procurar a Nintendo e ingressar no mercado de consoles domésticos.
No entanto, a Nintendo não se interessou nos jogos da Ultimate. Os irmãos Stamper não se deram por vencidos, e decidiram produzir eles mesmos um jogo para o NES. Após seis meses fazendo engenharia reversa para ver como poderia fazer um programa rodar no hardware do Nintendinho, o resultado foi Slalom, um jogo de esqui que surpreendeu os japoneses. Depois disso, a empresa finalmente ganhou uma parceria com a Nintendo.
A parceria até que rendeu bons jogos como R.C. Pro AM (o ancestral de Rock'n Roll Racing), mas a empresa era pequena e precisava de dinheiro, o que a levou a produzir pérolas como Jeopardy! (baseado num programa de TV americano estilo "Show do Milhão") e Tabbo: the Sixth Sense (um jogo de TARÔ, acreditem!). A Rare entrou no mapa mesmo quando lançou, já no final da vida do NES, o arrasa-quarteirão Battletoads. Muitos dos que já estavam pensando em colocar o velho Nintendinho no fundo do guarda-roupa deram mais algum tempo para o console para tentar derrotar Dark Queen e os níveis insanamente difíceis desse jogo.
Após o sucesso dos sapos, a Rare ganhou muito mais status com a Nintendo. Eles tinham muitos planos para o novo console da empresa, o SNES, e a Nintendo acaba comprando 49% das ações da Rare. Com o dinheiro dos japoneses o céu era o limite, e graças a essa parceira e uma dúzia de computadores Silicon Graphics (a máquina mais potente da época, responsável pelos famosos dinossauros virtuais de Jurassic Park) a empresa revitalizou um antigo personagem da Nintendo, há muito esquecido: Donkey Kong Country foi um divisor de águas, um jogo com um padrão gráfico impressionante. Para muitos, o gorila engravatado foi o responsável pela vitória da Nintendo na "guerra dos 16 bits".
Inspirados no sucesso de Donkey Kong, e com os jogos de luta das concorrentes Midway, Capcom e SNK fazendo cada vez mais sucesso, a Rare decide entrar no ringue com outro grande sucesso: Killer Instinct era conhecido como "um jogo de N64 rodando num Super Nintendo", tamanha sua beleza gráfica e sonora. Some isso à jogabilidade perfeita e aos combos brutais e temos um sucesso instantâneo.
Então veio a nova geração e a decisão desastrada da Nintendo de insistir com cartuchos enquanto o mundo inteiro já usava CDs. Um a um, todos os parceiros da Nintendo pularam do barco. A Rare decide ficar junto a sua antiga parceira, apesar dos pesares, e literalmente tira leite de pedra com os 512 Mbits do cartucho do N64, produzindo jogos de altíssima qualidade: Banjo-Kazooie rivaliza com ninguém menos que Mario pelo troféu de melhor jogo de plataforma do sistema; Goldeneye 007 provou que os FPS poderiam ser jogados com um joystick (e de quebra provou que, se bem feitos, jogos baseados em filmes podem ser bons); e Conker's Bad Fur Day foi um tapa na cara de quem achava que os jogos das plataformas Nintendo eram todos infantis, com seu humor quase profano de tão pesado. Apesar de escorregadas como Killer Instinct Gold e Donkey Kong 64, a Rare foi responsável por praticamente a metade dos jogos bons da plataforma.
Na geração seguinte a parceria tinha tudo para continuar, mas o primeiro jogo da Rare para o Gamecube foi o sofrível Star Fox Adventures (o famoso "Zelda de Star Fox"), lançado em 2002. A Rare nem teve tempo de se redimir, pois no mesmo ano a Microsoft compra a parte dos irmãos Stamper na empresa. Isso gerou um impasse, pois a Microsoft tinha acabado de lançar o primeiro Xbox e uma empresa jamais permitiria o lançamento de um jogo seu no console concorrente. Nesse cabo de guerra, a solução foi a Nintendo vendendo sua parte para a Microsoft, porém retendo para si os direitos de Donkey Kong e Star Fox.
Sob a sombra de Bill Gates a Rare afundou lentamente: lançou apenas dois títulos para o primeiro Xbox (um beat'en up que passou despercebido e um remake de Conker que foi muito censurado e criticado), e no Xbox 360 ela continuou patinando: após o fracasso de Perfect Dark Zero e Banjo-Kazooie Nuts & Bolts (duas sequências de sucessos do N64 que ficaram a anos-luz dos originais) ela apostou suas fichas em Viva Piñata, que não teve nem metade do sucesso esperado. Pelo resto da vida do 360 a empresa ficou relegada à série Kinect Sports, que muitos nem consideram games de verdade. Atualmente, com o advento do Xbox One veio o aclamado remake de Killer Instinct, porém os que conheceram a era de ouro da Rare ainda aguardam que a empresa volte aos seus dias de glória.
CURIOSIDADES SOBRE A RARE:
- Muito antes de Killer Instinct a Rare já queria entrar nos jogos de luta: paralelamente ao desenvolvimento de Donkey Kong Country eles queriam fazer um jogo de boxe protagonizado por animais, mas o projeto não foi adiante. No entanto, um dos lutadores foi aproveitado: um crocodilo, que acabou se tornando o inimigo principal dos Kongs, King K. Rool;
- Um dos lutadores de Killer Instinct remete aos tempos da Ultimate Play the Game: Sabrewulf tem o mesmo nome do primeiro jogo de sucesso dos irmãos Stamper, lançado para ZX Spectrum em 1984;
- Mesmo após a venda para a Microsoft a Rare produziu games para os portáteis GBA e DS. Em sua grande maioria eram remakes de jogos antigos da empresa, todos considerados inferiores às versões originais. A única exceção foi It's Mr. Pants, um puzzle bem esquisito e do qual poucas pessoas ouviram falar.
7 comments:
Eu ficou extremamente triste em ler e lembrar essa história...
O mundo dos games poderia ser totalmente diferente, o Wii U poderia até estar numa situação diferente.
Na verdade o meu maior pesar é pensar que uma boa empresa começou a perder qualidade e poderia fazer muito coisas muito melhores.
Cara, Rare faz parte da minha infância sem duvidas, otimo post
Se a Rare ainda estivesse fazendo jogos para a Nintendo, o Wii U seria um sucesso. Que pena que a Microsoft a comprou.
Ah, grande e saudosa Rare... quantas horas de diversão e desafio me rendeu (e ainda rende, na verdade)! Não tenho mais o que falar, basta dizer que os jogos da Rare (até o 64) estavam sempre entre os melhores de seus sistemas. Pena que essa Era acabou, duvido que a Micosoft ou a Nãointendo deixassem a empresa sair do marasmo e se unissem para produzir novamente clássicos com qualidade.
Ótimo post Tristan! Acrescentando, vale lembrar que a Rare tinha uma equipe fiel
(além dos irmãos Stamper), entre eles o compositor David Wise, que esteve com eles desde o começo e fez as trilhas sonoras da maioria dos grandes jogos da Rare, desde justamente o Slalom, a série Battletoads, a série Donkey Kong Country... http://en.wikipedia.org/wiki/David_Wise_%28composer%29
Falando no David Wise, ele voltou e compois as músicas do donkey kong country tropical freeze ...
eu cheguei ate aqui por justamente ouvir musicas dos DK no youtube... fico triste com isso ,porem nunca vão sair da minha mente esses títulos gloriosos parabéns a rare por fazer o melhor jogo de luta e o melhor jogo de plataforma já visto no snes, sou grato pela infância bem vivida regada aos melhores games de todos os tempos ...
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