Final Fantasy VII (PSX / PC)

sábado, 30 de março de 2013 Postado por Tristan.ccm




Gênero: RPG


Fabricante: Squaresoft / Eidos (versão PC)


Lançamento: 1997


Jogadores: 1 player




Existem transições e transições da era 2D para a era 3D. Alguns jogos, como Sonic e Megaman, apanharam feio do eixo z. Outros, como Mario e Zelda, entraram com o pé direito na terceira dimensão. Mas houve uma franquia que os fãs aguardaram com ansiedade pela versão tridimensional: Final Fantasy. Se na era dos sprites a série nos deu verdadeiras obras-primas, os polígonos prometiam muito. Mas a pergunta é: a promessa foi cumprida?

Neste review, eu vou analisar o jogo de forma um tanto fria, pois geralmente as pessoas acabam deixando o "fanboyismo" falar mais alto quando se tratada franquia carro-chefe da Square. E eu faço isso pra não cair nos dois erros que tanto rondam as opiniões sobre esse jogo, ou seja, não quero ser nem um fanboy xiita nem um hater fundamentalista.

Primeiramente, vejamos o principal do gênero RPG, ou seja, a estória: a Corporação Shinra utiliza reatores para prover de energia a civilização, porém eles são movidos à energia Mako, obtida através da força vital do próprio planeta. Obviamente, isso causa desequilíbrio na natureza, o que leva pessoas a se oporem à Shinra: assim surge a Avalanche, uma espécie de Greenpeace só que mais violento. Um dos membros da Avalanche é Cloud, um ex-soldado da Shinra que não se lembra direito de seu passado. Liderados por Barret, Cloud e os demais viajam pelo mundo minando os planos da Shinra, fazendo atentados contra os reatores Mako.

Durante a jornada, outro ex-soldado Shinra reaparece: Sephroth, dado como morto há cinco anos, surge enlouquecido e disposto a destruir o mundo por vingança contra a morte de sua mãe, que era membro de uma antiga e poderosa raça chamada Cetra. Cloud no passado considerava Sephiroth um herói, porém se dispõe a detê-lo por saber o quão poderoso o antigo aliado é e do que ele é capaz. É um enredo complexo e bem construído, porém ele não é a obra prima que seus ferrenhos defensores tanto falam: Sephiroth não tem um motivo tão sério assim pra arrebentar toda a humanidade. Ele surgiu de um experimento científico? O Wolverine também, e nem por isso se tornou vilão. Mataram sua mãe sem motivo? Mataram a do Alucard também, e ele jurou proteger a humanidade, e não destruí-la. Muito me admira Sephiroth sendo pintado como "o maior vilão de todos os tempos", sendo que, na minha opinião, o Kefka de Final Fantasy VI é muito pior que ele.

Os gráficos do jogo, na época, causaram um burburinho nunca visto, e até hoje fanboys mais exaltados declaram que o jogo é perfeito graficamente. Pessoalmente, eu não concordo. As cutscenes do jogo (pela primeira vez em CG) são realmente dignas de anime, mas a qualidade cai exponencialmente nos gráficos in-game, e você se verá controlando no mapa um boneco de papercraft! Final Fantasy VII é o típico jogo que envelheceu muito mal graficamente, e por mais que seus adoradores bradem eu não consigo ver beleza naquela miniatura de lutador de Virtua Fighter.

No som eu não tenho nada a reclamar, e nesse ponto concordo com os fanboys, a trilha sonora puxada mais ao rock do que ao clássico é maravilhosa. O tema de batalha contra os chefes com aquele solo de guitarra é épico até hoje. Já a jogabilidade é mais do mesmo, com os turnos com tempo que já tinham se tornado padrão na série. A diferença aqui é o sistema de Materias, que permite ensinar qualquer magia a qualquer personagem, bastando equipar uma Materia na arma ou equipamento (cada um tem uma diferente quantidade de slots para Materias). Isso, porém, acaba sendo um problema: se você precisa tirar uma Materia de um personagem, ele perde o direito de usar aquelas magias (no jogo anterior, ao aprender uma magia, ela era sua até o fim do jogo), e se ele morre definitivamente você perde aquelas Materias para sempre (Aeris, oi!). Pessoalmente, ele deixa o jogo um tanto fácil demais e faz com que você perca a referência de alguns personagens. "Quem cura? Quem tem Fira? E agora, onde eu pus a Materia que revive?", essas eram perguntas que eu sempre me fazia, pois o jogo não tem Black Mages nem Summoners como os jogos anteriores, qualquer personagem pode curar, congelar ou deixar os inimigos confusos, basta ter a Materia equipada.

Na minha opinião, ou o jogo te dá liberdade na medida certa ou você fica perdido em meio a tantas alternativas. É como ir num restaurante e ver um cardápio com dezenas e dezenas de opções, sem saber qual a melhor nem ter um garçom para perguntar o que ele sugere. Você fica sem saber o que escolher, e se escolhe errado não tem como voltar atrás, tem que engolir aquela opção errada e ponto. Mas tem quem ache o contrário, falando que o restaurante é ótimo justamente por ter uma porrada de páginas de cardápio. E são essas pessoas, os tão citados fanboys, que tornaram Final Fantasy VII o aclamado "RPG supremo forever". Eles não estão errados, é realmente um jogo grandioso e bem feito, mas está longe de ser a melhor coisa jogável que existe nesse mundo. Ele tem defeitos, e é ao enxergá-los que você consegue deixar de ser um fanboy para ser um gamer de verdade. Concluindo, apreciar Final Fantasy VII requer que você use aquela velha máxima: "nem tanto ao Céu, nem tanto ao Inferno". Pode não ser a obra prima suprema, mas é um bom jogo.



NOTA FINAL: 7,8
O PRIMEIRO FINAL FANTASY EM 3D SÓ NÃO CUMPRE O QUE PROMETE POR TER PROMETIDO DEMAIS. MAS É SÓ VOCÊ DESLIGAR O "MODO FANBOY" OU O "MODO HATER" QUE ELE FICA DIVERTIDO, EMBORA DEIXE DE SER PERFEITO.
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Clipe em primeira pessoa!

terça-feira, 19 de março de 2013 Postado por P.A.

Muito bom esse clipe em primeira pessoa, similar aos famosos first person shooters!


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Realidade alternativa (piloto)

sexta-feira, 1 de março de 2013 Postado por Tristan.ccm

Este é apenas o piloto de uma nova série que eu pensei para o Museum dos Games, livremente inspirada em uma coluna da revista Superinteressante que eu gostava muito:  a coluna E se... trazia matérias que mostravam como o mundo seria diferente se eventos da história tivessem sido diferentes: o que aconteceria se os atentados de 11 de setembro de 2001 não tivessem ocorrido? Como seria a F1 se Senna não tivesse morrido em 1994? Essas e outras perguntas geravam universos paralelos ora divertidos, ora assustadores!


Essa nossa nova série também será assim, mas no mundo dos games! Vamos mudar um fato na história dos jogos, e ver como seria essa nova realidade. Nesta primeira matéria, vamos responder:

O que aconteceria se Nintendo e Sony nunca tivessem se separado?

A batalha entre Nintendo e Sega se estende muito além da era 16 bits, com cada uma apoiada por grandes aliados.


Para que isso tivesse acontecido, teríamos que mudar outro fato: o Sega CD (drive de CDs para o Mega Drive) teria sido um grande sucesso, e não o fracasso que foi. Com o sucesso do Sega CD, amparado por grandes jogos como Sonic CD e Mortal Kombat II (considerado a melhor conversão do arcade), a Nintendo, vendo a concorrente enchendo os bolsos,  levaria a parceria com a Sony até o fim, aceitando inclusive imposições da parceira, como o uso de CDs como mídia (e não os Nintendo Discs, exclusivos porém caros) e a aceitação de jogos com temas mais adultos. Surge assim o SNES CD Station, periférico lançado em 1992 que faria muito sucesso com jogos que faziam muito sucesso nos arcades, como Turtles in Time e Alien vs. Predator (uma conversão fiel, muito melhor do que a que conhecemos hoje). Isso levou as duas empresas a se fundirem, embora cada uma continuasse no seu quadrado: a marca Nintendo no ramo dos games e a Sony nos demais eletrônicos. Isso não impediria as marcas de se ajudarem mutuamente, com por exemplo diskmans para crianças com Mario enfeitando a tampa do aparelho.

O sucesso do CD Station é enorme, mas muitos donos começam a reclamar de problemas na conexão dos dois aparelhos. Isso leva a Nintendo a lançar em 1994 o Play Station (assim mesmo, com o nome separado), unindo SNES e CD Station num único aparelho, equipado tanto com o drive de CDs quanto com o slot de cartuchos. Esse foi um duro golpe para a Sega, pois era bem mais barato comprar um Play Station do que um Mega Drive e um Sega CD, o que levava os novos compradores a comprar o console concorrente. Eles desistiram de lançar um Mega Drive com CD acoplado e partiram para seu novo projeto: o console Sega Saturno, lançado em março de 1995 com uma maciça campanha de marketing, que vendia o console como "o primeiro console de 32 bits do mercado". Apesar de fazer muito barulho, a Sega não consegue superar as vendas da rival, que lançaria em agosto o Playstation (agora sim, tudo junto), mais barato e usando apenas CDs (quase não havia mais lançamentos em cartucho nessa época).

O Playstation consolida a liderança da dupla Sony-Nintendo no mercado, algo que faria muito mal à Sega!


O início da derrocada da Sega acontece no natal de 1996: foi nesse dia que a empresa lançou o Sega Mercúrio, console de 64 bits criado para desbancar o Playstation. O que eles não sabiam é que a Nintendo-Sony estava preparando o sucessor do console em segredo, e o lançaria em janeiro de 1997: era o Playstation 64, também de 64 bits mas com muitas melhorias que faziam o recém-nascido Mercúrio parecer obsoleto: gráficos melhores, espaço para 4 controles (com vibração e analógico de fábrica), mídia em DVD (o Mercúrio utilizava CDs, cuja capacidade era oito vezes menor), além de som e gráficos muito melhores. Isso gerou um quase monopólio da Nintendo, com o Playstation 64 dominando 88% do mercado. Mesmo com a pirataria comendo solta (era muito fácil destravar o Playstation 64 e copiar seus DVDs), as duas empresas ganhavam rios de dinheiro.

A Sega até que tentou uma reação, lançando em 1998 o Dreamcast. Porém, ela não tinha apoio de praticamente nenhuma third-partie. Os grandes jogos da época saíam praticamente apenas para Playstation 64, que mesmo não sendo novidade engoliu o Dreamcast. Enquanto os donos do console da Nintendo se esbaldavam com títulos como Zelda Ocarina of Time, Castlevania Simphony of the Night, Star Fox 2, Darkstalkers e Mario Playhouse 3 (terceiro jogo em 3D do encanador), os seguistas tinham que se contentar com títulos desenvolvidos pela própria Sega, como Sonic Adventure, Shenmue 1 e 2, Golden Axe Battle e Altered Beast Revival. Isso gerou duas situações: A Sega ficou à beira da falência e Hiroshi Yamauchi, presidente da Nintendo, se tornou o homem mais rico do mundo. Isso incomodou o agora segundo colocado: Bill Gates.

Após os anos de trevas, Bill Gates surge como o salvador da Sega


Ao ser ultrapassado por um homem ligado aos games, o dono da Microsoft decidiu investir no mesmo mercado, e para isso escolheu comprar a decadente Sega para aproveitar seu nome e sua estrutura. Isso ocorre em 2001, ano de lançamento do Playstation Plus, sucessor do console de maior sucesso da história. Na E3 desse ano, Bill Gates aparece pessoalmente e afirma que a nova Sega está desenvolvendo o sucessor do Dreamcast, enquanto a Nintendo exibe vídeos de F-Zero Turmoil e Resident Evil: Code Veronica. As ações da Nintendo-Sony se tornam as mais valiosas da história da bolsa de Nova York.

No ano seguinte, surge um console que abala a supremacia da Nintendo pela primeira vez desde a era 32 bits: é o Sega Xtreme, com gráficos magníficos e uma rede online que prometia revolucionar o conceito de multiplayer. No vídeo de demontração do console, um Sonic real como nunca corria veloz como sempre, enquanto soldados de armadura do game Halo (FPS criado pela Microsoft especialmente para o console) combatiam inimigos alienígenas. De 2002 a 2005 a participação da Nintendo no mercado cai de 80% para 51%, com a Sega subindo para 49%. A história registraria isso como "a nova guerra dos consoles".

Como uma fênix renascendo das cinzas da derrota, o Sega Xtreme estremece a hegemonia da Nintendo.


Em 2006 a Sega reassume a liderança do mercado, pois o Playstation Plus já estava em seu limite, enquanto o Xtreme ainda tinha muito a oferecer. No final do ano a Nintendo cria uma revolução nos jogos, com o Playstation Move-it: ele tinha dois tipos de joysticks, um tradicional (por sinal o mesmo do CD Station de 1992) e outro parecido com um bastão, sensível ao movimento. Aliado a jogos criativos como PlaySports, PlayFit e PlayCook que usavam e abusavam do MotionSense (tecnologia patenteada pela Sony e utilizada no inusitado controle), o console trouxe aos games pessoas que reclamavam da complexidade dos jogos tradicionais, os chamados "jogadores casuais". Porém, os que já jogavam não foram esquecidos, pois além dos simuladores com movimento o console ganhou também títulos "hardcore" como God of War: Fall of Olympus e Mario Star Chase (quase todos os títulos tinham suporte tanto ao controle normal quanto ao de movimento).

O inusitado controle do Playstation Move-it, destinado a dar à Nintendo uma nova gama de jogadores


O Move-it reequilibra a briga entre os consoles. A Sega aproveita a campanha pró-casuais da concorrente e começa a propagandear que "só nós somos os gamers de verdade", na campanha de seu novo console, o Sega Renegade, lançado em 2007. Embora não tivesse controle de movimento, o console supera o rival pois utilizava DVDs contra os Blu-ray do Move-it, o que tornava os jogos mais baratos (e facilitava a pirataria, ainda mais pelo console ter arquitetura semelhante à de PCs da época). A briga, com leve vantagem para a Sega, segue parelha até dezembro de 2012, graças a dois fatos marcantes: a estreia do iGame, um dos últimos projetos de Steve Jobs na Apple (com um inusitado joystick em forma de tablet e jogos a 10 dólares na Apple Store), e a Sega finalmente consegue uma tecnologia de controle por movimento com o recém-lançado Renegade 2. Resta saber se hoje, em 2013, uma das três irá sobressair dessa batalha aparentemente eterna.

O revolucionário controle do iGame faz da Apple a terceira força dos consoles.

De volta à realidade:

Apesar de tanta ficção, muito do que essa matéria tratou é baseado em fatos reais: A Microsoft chegou mesmo a cogitar a compra da Sega, inclusive elas foram parceiras no desenvolvimento do Dreamcast (que utilizava o Windows CE como sistema operacional), mas o fato do console ser fabricado exclusivamente no Japão gerou uma rixa que acabou por separá-las. Se isso tivesse acontecido com certeza Bill Gates aproveitaria a marca famosa.

Outro fato baseado na realidade é a entrada da Apple no mercado: ela chegou a tentar algo em 1995 com o Pippin (um console fracassado, que não teve a participação de Steve Jobs). E no ano passado surgiu um rumor de que a Apple estaria desenvolvendo um console em parceria com a Valve, algo que até agora não foi confirmado.