Realidade alternativa (piloto)
Este é apenas o piloto de uma nova série que eu pensei para o Museum dos Games, livremente inspirada em uma coluna da revista Superinteressante que eu gostava muito: a coluna E se... trazia matérias que mostravam como o mundo seria diferente se eventos da história tivessem sido diferentes: o que aconteceria se os atentados de 11 de setembro de 2001 não tivessem ocorrido? Como seria a F1 se Senna não tivesse morrido em 1994? Essas e outras perguntas geravam universos paralelos ora divertidos, ora assustadores!
Essa nossa nova série também será assim, mas no mundo dos games! Vamos mudar um fato na história dos jogos, e ver como seria essa nova realidade. Nesta primeira matéria, vamos responder:
O que aconteceria se Nintendo e Sony nunca tivessem se separado?
A batalha entre Nintendo e Sega se estende muito além da era 16 bits, com cada uma apoiada por grandes aliados.
Para que isso tivesse acontecido, teríamos que mudar outro fato: o Sega CD (drive de CDs para o Mega Drive) teria sido um grande sucesso, e não o fracasso que foi. Com o sucesso do Sega CD, amparado por grandes jogos como Sonic CD e Mortal Kombat II (considerado a melhor conversão do arcade), a Nintendo, vendo a concorrente enchendo os bolsos, levaria a parceria com a Sony até o fim, aceitando inclusive imposições da parceira, como o uso de CDs como mídia (e não os Nintendo Discs, exclusivos porém caros) e a aceitação de jogos com temas mais adultos. Surge assim o SNES CD Station, periférico lançado em 1992 que faria muito sucesso com jogos que faziam muito sucesso nos arcades, como Turtles in Time e Alien vs. Predator (uma conversão fiel, muito melhor do que a que conhecemos hoje). Isso levou as duas empresas a se fundirem, embora cada uma continuasse no seu quadrado: a marca Nintendo no ramo dos games e a Sony nos demais eletrônicos. Isso não impediria as marcas de se ajudarem mutuamente, com por exemplo diskmans para crianças com Mario enfeitando a tampa do aparelho.
O sucesso do CD Station é enorme, mas muitos donos começam a reclamar de problemas na conexão dos dois aparelhos. Isso leva a Nintendo a lançar em 1994 o Play Station (assim mesmo, com o nome separado), unindo SNES e CD Station num único aparelho, equipado tanto com o drive de CDs quanto com o slot de cartuchos. Esse foi um duro golpe para a Sega, pois era bem mais barato comprar um Play Station do que um Mega Drive e um Sega CD, o que levava os novos compradores a comprar o console concorrente. Eles desistiram de lançar um Mega Drive com CD acoplado e partiram para seu novo projeto: o console Sega Saturno, lançado em março de 1995 com uma maciça campanha de marketing, que vendia o console como "o primeiro console de 32 bits do mercado". Apesar de fazer muito barulho, a Sega não consegue superar as vendas da rival, que lançaria em agosto o Playstation (agora sim, tudo junto), mais barato e usando apenas CDs (quase não havia mais lançamentos em cartucho nessa época).
O Playstation consolida a liderança da dupla Sony-Nintendo no mercado, algo que faria muito mal à Sega!
O início da derrocada da Sega acontece no natal de 1996: foi nesse dia que a empresa lançou o Sega Mercúrio, console de 64 bits criado para desbancar o Playstation. O que eles não sabiam é que a Nintendo-Sony estava preparando o sucessor do console em segredo, e o lançaria em janeiro de 1997: era o Playstation 64, também de 64 bits mas com muitas melhorias que faziam o recém-nascido Mercúrio parecer obsoleto: gráficos melhores, espaço para 4 controles (com vibração e analógico de fábrica), mídia em DVD (o Mercúrio utilizava CDs, cuja capacidade era oito vezes menor), além de som e gráficos muito melhores. Isso gerou um quase monopólio da Nintendo, com o Playstation 64 dominando 88% do mercado. Mesmo com a pirataria comendo solta (era muito fácil destravar o Playstation 64 e copiar seus DVDs), as duas empresas ganhavam rios de dinheiro.
A Sega até que tentou uma reação, lançando em 1998 o Dreamcast. Porém, ela não tinha apoio de praticamente nenhuma third-partie. Os grandes jogos da época saíam praticamente apenas para Playstation 64, que mesmo não sendo novidade engoliu o Dreamcast. Enquanto os donos do console da Nintendo se esbaldavam com títulos como Zelda Ocarina of Time, Castlevania Simphony of the Night, Star Fox 2, Darkstalkers e Mario Playhouse 3 (terceiro jogo em 3D do encanador), os seguistas tinham que se contentar com títulos desenvolvidos pela própria Sega, como Sonic Adventure, Shenmue 1 e 2, Golden Axe Battle e Altered Beast Revival. Isso gerou duas situações: A Sega ficou à beira da falência e Hiroshi Yamauchi, presidente da Nintendo, se tornou o homem mais rico do mundo. Isso incomodou o agora segundo colocado: Bill Gates.
Após os anos de trevas, Bill Gates surge como o salvador da Sega
Ao ser ultrapassado por um homem ligado aos games, o dono da Microsoft decidiu investir no mesmo mercado, e para isso escolheu comprar a decadente Sega para aproveitar seu nome e sua estrutura. Isso ocorre em 2001, ano de lançamento do Playstation Plus, sucessor do console de maior sucesso da história. Na E3 desse ano, Bill Gates aparece pessoalmente e afirma que a nova Sega está desenvolvendo o sucessor do Dreamcast, enquanto a Nintendo exibe vídeos de F-Zero Turmoil e Resident Evil: Code Veronica. As ações da Nintendo-Sony se tornam as mais valiosas da história da bolsa de Nova York.
No ano seguinte, surge um console que abala a supremacia da Nintendo pela primeira vez desde a era 32 bits: é o Sega Xtreme, com gráficos magníficos e uma rede online que prometia revolucionar o conceito de multiplayer. No vídeo de demontração do console, um Sonic real como nunca corria veloz como sempre, enquanto soldados de armadura do game Halo (FPS criado pela Microsoft especialmente para o console) combatiam inimigos alienígenas. De 2002 a 2005 a participação da Nintendo no mercado cai de 80% para 51%, com a Sega subindo para 49%. A história registraria isso como "a nova guerra dos consoles".
Como uma fênix renascendo das cinzas da derrota, o Sega Xtreme estremece a hegemonia da Nintendo.
Em 2006 a Sega reassume a liderança do mercado, pois o Playstation Plus já estava em seu limite, enquanto o Xtreme ainda tinha muito a oferecer. No final do ano a Nintendo cria uma revolução nos jogos, com o Playstation Move-it: ele tinha dois tipos de joysticks, um tradicional (por sinal o mesmo do CD Station de 1992) e outro parecido com um bastão, sensível ao movimento. Aliado a jogos criativos como PlaySports, PlayFit e PlayCook que usavam e abusavam do MotionSense (tecnologia patenteada pela Sony e utilizada no inusitado controle), o console trouxe aos games pessoas que reclamavam da complexidade dos jogos tradicionais, os chamados "jogadores casuais". Porém, os que já jogavam não foram esquecidos, pois além dos simuladores com movimento o console ganhou também títulos "hardcore" como God of War: Fall of Olympus e Mario Star Chase (quase todos os títulos tinham suporte tanto ao controle normal quanto ao de movimento).
O inusitado controle do Playstation Move-it, destinado a dar à Nintendo uma nova gama de jogadores
O Move-it reequilibra a briga entre os consoles. A Sega aproveita a campanha pró-casuais da concorrente e começa a propagandear que "só nós somos os gamers de verdade", na campanha de seu novo console, o Sega Renegade, lançado em 2007. Embora não tivesse controle de movimento, o console supera o rival pois utilizava DVDs contra os Blu-ray do Move-it, o que tornava os jogos mais baratos (e facilitava a pirataria, ainda mais pelo console ter arquitetura semelhante à de PCs da época). A briga, com leve vantagem para a Sega, segue parelha até dezembro de 2012, graças a dois fatos marcantes: a estreia do iGame, um dos últimos projetos de Steve Jobs na Apple (com um inusitado joystick em forma de tablet e jogos a 10 dólares na Apple Store), e a Sega finalmente consegue uma tecnologia de controle por movimento com o recém-lançado Renegade 2. Resta saber se hoje, em 2013, uma das três irá sobressair dessa batalha aparentemente eterna.
O revolucionário controle do iGame faz da Apple a terceira força dos consoles.
De volta à realidade:
Apesar de tanta ficção, muito do que essa matéria tratou é baseado em fatos reais: A Microsoft chegou mesmo a cogitar a compra da Sega, inclusive elas foram parceiras no desenvolvimento do Dreamcast (que utilizava o Windows CE como sistema operacional), mas o fato do console ser fabricado exclusivamente no Japão gerou uma rixa que acabou por separá-las. Se isso tivesse acontecido com certeza Bill Gates aproveitaria a marca famosa.
Outro fato baseado na realidade é a entrada da Apple no mercado: ela chegou a tentar algo em 1995 com o Pippin (um console fracassado, que não teve a participação de Steve Jobs). E no ano passado surgiu um rumor de que a Apple estaria desenvolvendo um console em parceria com a Valve, algo que até agora não foi confirmado.
Essa nossa nova série também será assim, mas no mundo dos games! Vamos mudar um fato na história dos jogos, e ver como seria essa nova realidade. Nesta primeira matéria, vamos responder:
O que aconteceria se Nintendo e Sony nunca tivessem se separado?
A batalha entre Nintendo e Sega se estende muito além da era 16 bits, com cada uma apoiada por grandes aliados.
Para que isso tivesse acontecido, teríamos que mudar outro fato: o Sega CD (drive de CDs para o Mega Drive) teria sido um grande sucesso, e não o fracasso que foi. Com o sucesso do Sega CD, amparado por grandes jogos como Sonic CD e Mortal Kombat II (considerado a melhor conversão do arcade), a Nintendo, vendo a concorrente enchendo os bolsos, levaria a parceria com a Sony até o fim, aceitando inclusive imposições da parceira, como o uso de CDs como mídia (e não os Nintendo Discs, exclusivos porém caros) e a aceitação de jogos com temas mais adultos. Surge assim o SNES CD Station, periférico lançado em 1992 que faria muito sucesso com jogos que faziam muito sucesso nos arcades, como Turtles in Time e Alien vs. Predator (uma conversão fiel, muito melhor do que a que conhecemos hoje). Isso levou as duas empresas a se fundirem, embora cada uma continuasse no seu quadrado: a marca Nintendo no ramo dos games e a Sony nos demais eletrônicos. Isso não impediria as marcas de se ajudarem mutuamente, com por exemplo diskmans para crianças com Mario enfeitando a tampa do aparelho.
O sucesso do CD Station é enorme, mas muitos donos começam a reclamar de problemas na conexão dos dois aparelhos. Isso leva a Nintendo a lançar em 1994 o Play Station (assim mesmo, com o nome separado), unindo SNES e CD Station num único aparelho, equipado tanto com o drive de CDs quanto com o slot de cartuchos. Esse foi um duro golpe para a Sega, pois era bem mais barato comprar um Play Station do que um Mega Drive e um Sega CD, o que levava os novos compradores a comprar o console concorrente. Eles desistiram de lançar um Mega Drive com CD acoplado e partiram para seu novo projeto: o console Sega Saturno, lançado em março de 1995 com uma maciça campanha de marketing, que vendia o console como "o primeiro console de 32 bits do mercado". Apesar de fazer muito barulho, a Sega não consegue superar as vendas da rival, que lançaria em agosto o Playstation (agora sim, tudo junto), mais barato e usando apenas CDs (quase não havia mais lançamentos em cartucho nessa época).
O início da derrocada da Sega acontece no natal de 1996: foi nesse dia que a empresa lançou o Sega Mercúrio, console de 64 bits criado para desbancar o Playstation. O que eles não sabiam é que a Nintendo-Sony estava preparando o sucessor do console em segredo, e o lançaria em janeiro de 1997: era o Playstation 64, também de 64 bits mas com muitas melhorias que faziam o recém-nascido Mercúrio parecer obsoleto: gráficos melhores, espaço para 4 controles (com vibração e analógico de fábrica), mídia em DVD (o Mercúrio utilizava CDs, cuja capacidade era oito vezes menor), além de som e gráficos muito melhores. Isso gerou um quase monopólio da Nintendo, com o Playstation 64 dominando 88% do mercado. Mesmo com a pirataria comendo solta (era muito fácil destravar o Playstation 64 e copiar seus DVDs), as duas empresas ganhavam rios de dinheiro.
A Sega até que tentou uma reação, lançando em 1998 o Dreamcast. Porém, ela não tinha apoio de praticamente nenhuma third-partie. Os grandes jogos da época saíam praticamente apenas para Playstation 64, que mesmo não sendo novidade engoliu o Dreamcast. Enquanto os donos do console da Nintendo se esbaldavam com títulos como Zelda Ocarina of Time, Castlevania Simphony of the Night, Star Fox 2, Darkstalkers e Mario Playhouse 3 (terceiro jogo em 3D do encanador), os seguistas tinham que se contentar com títulos desenvolvidos pela própria Sega, como Sonic Adventure, Shenmue 1 e 2, Golden Axe Battle e Altered Beast Revival. Isso gerou duas situações: A Sega ficou à beira da falência e Hiroshi Yamauchi, presidente da Nintendo, se tornou o homem mais rico do mundo. Isso incomodou o agora segundo colocado: Bill Gates.
Ao ser ultrapassado por um homem ligado aos games, o dono da Microsoft decidiu investir no mesmo mercado, e para isso escolheu comprar a decadente Sega para aproveitar seu nome e sua estrutura. Isso ocorre em 2001, ano de lançamento do Playstation Plus, sucessor do console de maior sucesso da história. Na E3 desse ano, Bill Gates aparece pessoalmente e afirma que a nova Sega está desenvolvendo o sucessor do Dreamcast, enquanto a Nintendo exibe vídeos de F-Zero Turmoil e Resident Evil: Code Veronica. As ações da Nintendo-Sony se tornam as mais valiosas da história da bolsa de Nova York.
No ano seguinte, surge um console que abala a supremacia da Nintendo pela primeira vez desde a era 32 bits: é o Sega Xtreme, com gráficos magníficos e uma rede online que prometia revolucionar o conceito de multiplayer. No vídeo de demontração do console, um Sonic real como nunca corria veloz como sempre, enquanto soldados de armadura do game Halo (FPS criado pela Microsoft especialmente para o console) combatiam inimigos alienígenas. De 2002 a 2005 a participação da Nintendo no mercado cai de 80% para 51%, com a Sega subindo para 49%. A história registraria isso como "a nova guerra dos consoles".
Em 2006 a Sega reassume a liderança do mercado, pois o Playstation Plus já estava em seu limite, enquanto o Xtreme ainda tinha muito a oferecer. No final do ano a Nintendo cria uma revolução nos jogos, com o Playstation Move-it: ele tinha dois tipos de joysticks, um tradicional (por sinal o mesmo do CD Station de 1992) e outro parecido com um bastão, sensível ao movimento. Aliado a jogos criativos como PlaySports, PlayFit e PlayCook que usavam e abusavam do MotionSense (tecnologia patenteada pela Sony e utilizada no inusitado controle), o console trouxe aos games pessoas que reclamavam da complexidade dos jogos tradicionais, os chamados "jogadores casuais". Porém, os que já jogavam não foram esquecidos, pois além dos simuladores com movimento o console ganhou também títulos "hardcore" como God of War: Fall of Olympus e Mario Star Chase (quase todos os títulos tinham suporte tanto ao controle normal quanto ao de movimento).
O Move-it reequilibra a briga entre os consoles. A Sega aproveita a campanha pró-casuais da concorrente e começa a propagandear que "só nós somos os gamers de verdade", na campanha de seu novo console, o Sega Renegade, lançado em 2007. Embora não tivesse controle de movimento, o console supera o rival pois utilizava DVDs contra os Blu-ray do Move-it, o que tornava os jogos mais baratos (e facilitava a pirataria, ainda mais pelo console ter arquitetura semelhante à de PCs da época). A briga, com leve vantagem para a Sega, segue parelha até dezembro de 2012, graças a dois fatos marcantes: a estreia do iGame, um dos últimos projetos de Steve Jobs na Apple (com um inusitado joystick em forma de tablet e jogos a 10 dólares na Apple Store), e a Sega finalmente consegue uma tecnologia de controle por movimento com o recém-lançado Renegade 2. Resta saber se hoje, em 2013, uma das três irá sobressair dessa batalha aparentemente eterna.
De volta à realidade:
Apesar de tanta ficção, muito do que essa matéria tratou é baseado em fatos reais: A Microsoft chegou mesmo a cogitar a compra da Sega, inclusive elas foram parceiras no desenvolvimento do Dreamcast (que utilizava o Windows CE como sistema operacional), mas o fato do console ser fabricado exclusivamente no Japão gerou uma rixa que acabou por separá-las. Se isso tivesse acontecido com certeza Bill Gates aproveitaria a marca famosa.
Outro fato baseado na realidade é a entrada da Apple no mercado: ela chegou a tentar algo em 1995 com o Pippin (um console fracassado, que não teve a participação de Steve Jobs). E no ano passado surgiu um rumor de que a Apple estaria desenvolvendo um console em parceria com a Valve, algo que até agora não foi confirmado.
4 comments:
pombas! essa realidade alternativa seria...pombas! nem sei o que dizer. mas se bem a era puxa muito a sardinha do Play 64. mas o Sega Xtreme tem conexão online muito superior... queria ter vivido isso, ia ser incrível e inusitado
Muito bom, esperando os novos episódios :)
@Leandro
Esse Play 64 seria o equivalente a uma junção entre N64 e PS1, por isso teria sido tão foda (o Saturno era terceiro colocado, bem atrás dos dois). Já o Sega Xtreme seria o equivalente ao primeiro XBox.
Desculpe o mau humor... mas, viajou total na maionese!!! Também sou assinante da SuperInteressante e particularmente acho muita pretensão tentar "advinhar" acontecimentos paralelos.
Com a nossa realidade já é difícil saber o que está acontecendo, quanto mais com universos paralelos...
Postar um comentário