Final Fantasy III / VI (SNES / Psone)
Gênero: RPG
Fabricante: Square-Enix (antigamente, Squaresoft)
Lançamento: 1994
Jogadores: 1
Eu sinceramente QUERIA falar do jogo anterior, Final Fantasy V, mas fazer o quê, temos que atender os pedidos do respeitável público... E do dono do Blog, claro.
Em primeiro lugar, é melhor explicar a confusão com o título do jogo, que vem desde o primeiro Final Fantasy Mystic Quest para Snes que, aliás, nem era Final Fantasy, e sim o primeiro capítulo da série Seiken Densetsu (cujas continuações foram depois chamadas de Secret of mana no Ocidente); acontece que, quando chegou no Ocidente, o pessoal da Nintendo of America preferiu aproveitar a fama de Final Fantasy e colocar este nome no Seiken Densetsu, sempre pensando no $$, uma vez que Final Fantasy já era velho conhecido dos jogadores de Nes; aproveitaram então que o boneco do Seiken Densetsu era muito parecido com o tradicional guerreiro de Final Fantasy e pronto, Final Fantasy do Paraguai, legitimamente Made in USA. O que os caras não imaginaram (ou foram BURROS demais para cogitar isso) é que a Nintendo ia lançar a continuação de Final Fantasy III (de Nes) para o Snes, o já resenhado por aqui Final Fantasy IV. Porém, como agora já existia um "Final Fantasy" para Snes, nos States, os jogadores que nunca haviam jogado Nes iriam estranhar, a série pular de Final Fantasy (Seiken Densetsu) para Final Fantasy IV, iam achar que os caras da Nintendo não regulavam bem (coisa que, aliás, eu tenho CERTEZA) e as vendas perigavam cair. Portanto, a Nintendo of America não vacilou: mudou o título de Final Fantasy IV para Final Fantasy II e manteve as coisas no anonimato por alguns anos, enquanto enchia os bolsos e se esgoelavam de rir dos jogadores tapeados. Aí, em 1992 foi lançado o Final Fantasy V para Snes no Japão, mas não se sabe por que cargas d'água ele demorou para ser liberado para os States (Final Fantasy IV foi lançado no mesmo ano, tanto no Japão quanto nos EUA, exceto por alguns meses de diferença), provalmente porque no Japão tavam vendo a merda que os americanos estavam fazendo com a série, aí quando finalmente iam traduzir o V, no Japão iam lançar o Final Fantasy VI. Resultado: "esquece o V, vamos logo traduzir o VI, a cronologia que se dane, já tá tudo errado mesmo". E assim, Final Fantasy VI virou Final Fantasy III nos States. Como se não bastasse a mudança porca no título, os americanos ainda por cima encheram o jogo de censuras, tanto nas falas quanto nos gráficos.
"Mas sim, Azrael, fale do bendito jogo..."
Bem, tirando as maluquices da Nintendo of America, acho que o melhor que posso dizer sobre o jogo é: extraordinário. Durante muitos anos, este jogo competiu com Chrono Trigger pelo título de melhor RPG de Snes e, embora CT tenha vencido, eu não acho que nenhum dos dois deve nada ao outro. São apenas jogos diferentes, um agrada uns, outros agrada outros. E, sinceramente, os dois me agradaram muito. Mas como CT já foi resenhado, vou me ater ao FFVI. Seguindo a linha tradicional de Final Fantasy, este jogo tem uma história totalmente independente dos anteriores; é o contrário de Phantasy Star, por exemplo, onde cada jogo é uma sequência direta do outro. Ou seja, mais uma vez, toda a história é novidade, só o que é mantido são as características básicas, entre outras, o estilo dos personagens, os cristais, a manjada pousada para recuperar energia, os chocobos, a história longa e complexa, o sistema de armas e armaduras, alguns chefes e, claro, um personagem chamado Cid. SEMPRE tem um personagem chamado Cid, em quase todos os Final Fantasy (exceto no FFXI). A novidade maior neste VI é a elaboração do roteiro, muito mais extenso e elaborado do que todos os anteriores (e do que muitos posteriores); o pessoal da Square fez de tudo para que a história deste jogo fosse a mais complexa possível e, mais do que tudo, trabalharam em cada um dos 14 personagens jogavéis da trama, desenvolvendo todo um grande e belo histórico para cada um (que eu não vou detalhar aqui, senão o post não tem mais fim). Além disso, muitos temas paralelos são tratados, como suicídio e sexo na adolescência, além de muitas reviravoltas; o mais interessante é que a história ainda por cima é contada em duas partes, a segunda parte se passa um ano depois da primeira, e há muitas mudanças neste intervalo de tempo. Um outro detalhe importante é que este foi o primeiro Final Fantasy não-medieval; nos jogos anteriores até haviam algumas referências à tecnologia, mas ela está mais presente neste jogo do que nunca (para quem entende de RPG de mesa, os anteriores eram jogos de Fantasia Medieval, enquanto este é num estilo mais Steampunk).
Mil anos antes do início do jogo, houvera a guerra dos Magi, no qual três deusas tornaram os humanos seres mágicos chamados Espers (criaturas como fadas, sátiros e unicórnios). Vendo o dano que faziam, as deusas libertaram os Espers e se tranformaram em estátuas. Ao fim da guerra, vendo as grandes diferenças, os Espers se fecham em um mundo próprio, isolando-se completamente do mundo dos homens. Com isso, a magia é abolida do mundo e a humanidade se vê com a necessidade de voltar seus olhos para a tecnologia novamente. Já no presente, a tecnologia se desenvolveu bastante, com complicadas máquinas a vapor e pólvora substituindo a magia. Entretanto, Gestahl, o governante de um Império que tiraniza o mundo, quer expandir seu poder muito além do que já tem e invade a dimensão dos Espers em busca da Magia, para com ela dominar o mundo completamente e moldá-lo à sua imagem. A magia era um poder agora negado aos seres humanos, mas Gestahl encontra e escraviza uma garota chamada Terra Brandford que pode usar magia. Ele e seus cientistas pesquisam então uma forma de dar magia a seres humanos da mesma forma que Terra, usando o poder de alguns Espers capturados; além de Gestahl, outros humanos como Kefka e Celes também adquirem a magia e se tornam seus generais. Durante uma missão, entretanto, Terra consegue escapar do controle de Gestahl e se une aos Returners (Restauradores), um grupo rebelde que luta contra o Império de Gestahl, e é aí que o jogo realmente tem início. No decorrer da história vários outros personagens vão se unindo ao grupo (entre elas a própria Celes), ao passo que Kefka se revela como o verdadeiro vilão ao trair Gestahl (mas não vou contar O QUE ele faz; joguem e descubram).
Graficamente falando, Final Fantasy VI surpreende logo de cara. Graças ao Mode 7, há uma bela perspectiva em 3D, tanto no mapa quanto nas cidades, com ótimos efeitos de cores e luzes; além disso, o desenho conceitual dos personagens (feitos pelo Yellow Man Yoshitaka Amano, desenhista tradicional da série) é usado na tela de Status, como no FFIV. Os cenários estão muito belos e coloridos, apesar de terem um clima mais sombrio do que os outros jogos (adequados ao gênero Steampunk). Um ponto negativo, na minha opinião, é que muita coisa dos gráficos (principalmente dos personagens no jogo) foi reaproveitada do FFV. Destaco aqui o chefe secreto Doom Gaze, que é simplesmente um Ctrl-C/Ctrl-V do monstro Blue Ray (que também é secreto) do FFV. E claro, seguindo o padrão, os personagens no jogo são como se fossem desenhos SD. A diferença é na animação deles; aperfeiçoando o que já tinha melhorado no V, os movimentos estão mais complexos, além das expressões e dos ataques; excetuando as magias, cada personagem tem movimentos e ataques próprios, e armas específicas. A jogabilidade é muito boa, não chega a ser tão suave quanto em FFV (na minha opinião), mas nem de longe é tão travada quanto em FFIV (além de a versão americana não sofrer mudanças na jogabilidade, como aconteceu com a versão americana de FFIV). O jogo ainda usa o mesmo sistema de turnos nas batalhas: seu grupo de personagens anda durante um tempo pelo mapa, até que encontra um grupo de inimigos e a tela muda para o modo de batalha, onde seu personagem pode atacar com uma arma, usar um ataque especial próprio, uma magia ou então escolher algum item. Aliás, por falar em grupo, esta foi outra grande idéia da Square: é muito raro algum personagem ficar sem fazer nada, pois à medida que seu número de personagens vai aumentando, vai aumentando o número de grupos! Você pode escolher de um até quatro personagens em cada grupo, e aí o grupo se separa, cada um para uma missão diferente! Na segunda parte da história, quando isto acontece, é possível mudar de grupo à vontade, simplesmente apertando Y no mapa, e aí a ação passa para outro grupo que se formou. Soberbo! É possível até mesmo mudar os personagens de cada grupo, embora seja mais complicado, já que é preciso voltar à tela inicial da missão (ou à nave). Ainda sobre as missões, essa é que é uma das partes mais legais: a interatividade. Além da ordem das missões ser escolha do próprio jogador, durante elas pode-se fazer muitas coisas que terão (ou não) efeito na história principal. Por exemplo, se demorar muito para resgatar uma criança em uma casa (que está sendo sustentada pelo personagem Sabin), a casa desaba e é Game Over! Por outro lado, o final do jogo muda, dependendo se você salva ou não a vida de certo personagem. É possível encontrar grande número de personagens (dois jogáveis), itens, Espers, magias, inimigos e missões, como parte paralela. É um dos RPGs em turno mais interativo já lançado até então. Outra parte legal são os coadjuvates, mesmo os inimigos: honre o nome do General Leo, morra de rir com o Ultros, e chame o Kefka de FDP quantas vezes suas cordas vocais aguentarem.
Agora, uma das partes que foi a maior responsável pelo sucesso deste jogo é sem sombra de dúvida a trilha sonora. Nobuo Uematsu, que fizera a música dos outros jogos da série, retornou. A música de FFVI , com músicas diferentes para cada lugar, personagem e batalhas, é considerada uma obra-prima, e um CD triplo com a trilha sonora foi muito bem vendido no Japão. Agora, a parte mais famosa do jogo é uma ópera , a "Aria di Mezzo Caratere"(em italiano: "Ária do meio personagem"); nesta parte do jogo, a personagem Celes precisa fazer o papel de uma diva num teatro, e deve-se interagir, escolhendo certo a letra da música! Um erro, e a fase volta pro início. Devido às limitações sonoras do SNES, há uma imitação de um vocal acompanhando a melodia; foi uma das primeiras tentativas de se reprouzir a voz humana num videogame(muito bem-feita, diga-se de passagem). No CD Final Fantasy VI Grand Finale há uma versão orquestrada, com letras em italiano (amostra). Na versão do jogo para PlayStation, a Aria é mostrada em um vídeo em 3D. A série Orchestral Game Concerts inclui uma versão estendida da aria. 3 álbuns foram feitos com a trilha: Final Fantasy VI Original Sound Version, versões originais (lançado nos EUA, sob encomendas de correio, como Kefka's Domain); Final Fantasy VI Grand Finale, tocado pela Orchestra Sinfônica di Milano e Final Fantasy VI Piano Collections, versões ao piano . Nunca um jogo de Snes havia recebido tanto capricho em sua trilha sonora.
Uma questão importante é que este jogo é o verdadeiro divisor de águas na série; ele ainda está entre os dez melhores jogos (na lista do site GameFaqs), e cinco de seus personagens estão na lista dos vinte mais queridos de Final Fantasy (a primeira da lista é ninguém menos do que a Celes); foi o último jogo da série a não ter gráficos em 3D (exceto a perspectiva), o primeiro a apresentar uma importância igual entre todos os personagens (Terra é a protagonista, mas cada um dos demais é fundamental na história), o primeiro a sair do gênero Fantasia Medieval (o que não é exatamente uma qualidade), o primeiro a ter uma grande interatividade no decorrer da história (antes, pouquíssimas coisas podiam ser mudadas nos jogos), além de trazer muitas novidades que viriam a ser usadas nos jogos seguintes: o sistema de Magicites, itens que permitem ao personagem aprender magias e melhorar suas habilidades virou característica fundamental em Final Fantasy VII (mas com o nome de Materias), e os Desperate Moves (ataques especiais lançados quando os personagens estão com pouca energia) foram adotados em várias outras sequências, com destaque para Final fantasy VIII (onde viraram os Limit Breaks).
Além da versão original para Snes, foram lançadas duas conversões, para Playstation1 e para Game Boy Advanced. A versão para PlayStation mantém os gráficos e músicas, corrige alguns erros de tradução e bugs da versão do Super NES, e inclui vídeos em animação computadorizada, bem como um bestiário e uma galeria de arte, revelados à medida que o jogador progride. Já para o GBA, foi feito Final Fantasy VI Advance, lançada em Novembro de 2006 no Japão e em Fevereiro de 2007 nos EUA. Como extras foram incluídos 4 novos Espers (Gilgamesh, Cactuar, Leviathan, e Diablos; o primeiro é um personagem recorrente da série surgido em FFV , e o último vem de FFVIII) e equipamentos, uma nova tradução e um calabouço a ser explorado por três grupos, além de novos chefes e inimigos.
Com toda certeza, um dos melhores RPGs de Snes (se não O melhor), vale cada minuto jogado. Só existem duas reclamações: o chato do personagem Mog (ele NÃO merece a habilidade Dance! Maldito seja! Incluam ele na lista dos chatos!) e o fato de este jogo ser muito fácil em comparação com seus antecessores. O pessoal da comunidade Final Fantasy VI, no Orkut, fez um Hack da versão do Snes tornando o jogo absurdamente difícil e com alguns novos oponentes. Vale a pena conferir. Já no Blog da Old Games Zine, foi feito um review de algumas das principais censuras feitas na versão americana (não só de Final Fantasy, mas de outros jogos tb). Aqui o Link:
Parte 1: Clique Aqui
Parte 2: Clique Aqui
NOTA FINAL: 10
HISTÓRIA MARAVILHOSA, GRÁFICOS LINDÍSSIMOS, TRILHA SONORA PERFEITA, PERSONAGENS CARISMÁTICOS... ISTO SIM É O QUE UM BOM FINAL FANTASY DEVE SER. MAIS DO QUE CLÁSSICO, UMA OBRA DE ARTE. PENA QUE NÃO É UM POUQUINHO MAIS DIFÍCIL...
Fabricante: Square-Enix (antigamente, Squaresoft)
Lançamento: 1994
Jogadores: 1
Eu sinceramente QUERIA falar do jogo anterior, Final Fantasy V, mas fazer o quê, temos que atender os pedidos do respeitável público... E do dono do Blog, claro.
Em primeiro lugar, é melhor explicar a confusão com o título do jogo, que vem desde o primeiro Final Fantasy Mystic Quest para Snes que, aliás, nem era Final Fantasy, e sim o primeiro capítulo da série Seiken Densetsu (cujas continuações foram depois chamadas de Secret of mana no Ocidente); acontece que, quando chegou no Ocidente, o pessoal da Nintendo of America preferiu aproveitar a fama de Final Fantasy e colocar este nome no Seiken Densetsu, sempre pensando no $$, uma vez que Final Fantasy já era velho conhecido dos jogadores de Nes; aproveitaram então que o boneco do Seiken Densetsu era muito parecido com o tradicional guerreiro de Final Fantasy e pronto, Final Fantasy do Paraguai, legitimamente Made in USA. O que os caras não imaginaram (ou foram BURROS demais para cogitar isso) é que a Nintendo ia lançar a continuação de Final Fantasy III (de Nes) para o Snes, o já resenhado por aqui Final Fantasy IV. Porém, como agora já existia um "Final Fantasy" para Snes, nos States, os jogadores que nunca haviam jogado Nes iriam estranhar, a série pular de Final Fantasy (Seiken Densetsu) para Final Fantasy IV, iam achar que os caras da Nintendo não regulavam bem (coisa que, aliás, eu tenho CERTEZA) e as vendas perigavam cair. Portanto, a Nintendo of America não vacilou: mudou o título de Final Fantasy IV para Final Fantasy II e manteve as coisas no anonimato por alguns anos, enquanto enchia os bolsos e se esgoelavam de rir dos jogadores tapeados. Aí, em 1992 foi lançado o Final Fantasy V para Snes no Japão, mas não se sabe por que cargas d'água ele demorou para ser liberado para os States (Final Fantasy IV foi lançado no mesmo ano, tanto no Japão quanto nos EUA, exceto por alguns meses de diferença), provalmente porque no Japão tavam vendo a merda que os americanos estavam fazendo com a série, aí quando finalmente iam traduzir o V, no Japão iam lançar o Final Fantasy VI. Resultado: "esquece o V, vamos logo traduzir o VI, a cronologia que se dane, já tá tudo errado mesmo". E assim, Final Fantasy VI virou Final Fantasy III nos States. Como se não bastasse a mudança porca no título, os americanos ainda por cima encheram o jogo de censuras, tanto nas falas quanto nos gráficos.
"Mas sim, Azrael, fale do bendito jogo..."
Bem, tirando as maluquices da Nintendo of America, acho que o melhor que posso dizer sobre o jogo é: extraordinário. Durante muitos anos, este jogo competiu com Chrono Trigger pelo título de melhor RPG de Snes e, embora CT tenha vencido, eu não acho que nenhum dos dois deve nada ao outro. São apenas jogos diferentes, um agrada uns, outros agrada outros. E, sinceramente, os dois me agradaram muito. Mas como CT já foi resenhado, vou me ater ao FFVI. Seguindo a linha tradicional de Final Fantasy, este jogo tem uma história totalmente independente dos anteriores; é o contrário de Phantasy Star, por exemplo, onde cada jogo é uma sequência direta do outro. Ou seja, mais uma vez, toda a história é novidade, só o que é mantido são as características básicas, entre outras, o estilo dos personagens, os cristais, a manjada pousada para recuperar energia, os chocobos, a história longa e complexa, o sistema de armas e armaduras, alguns chefes e, claro, um personagem chamado Cid. SEMPRE tem um personagem chamado Cid, em quase todos os Final Fantasy (exceto no FFXI). A novidade maior neste VI é a elaboração do roteiro, muito mais extenso e elaborado do que todos os anteriores (e do que muitos posteriores); o pessoal da Square fez de tudo para que a história deste jogo fosse a mais complexa possível e, mais do que tudo, trabalharam em cada um dos 14 personagens jogavéis da trama, desenvolvendo todo um grande e belo histórico para cada um (que eu não vou detalhar aqui, senão o post não tem mais fim). Além disso, muitos temas paralelos são tratados, como suicídio e sexo na adolescência, além de muitas reviravoltas; o mais interessante é que a história ainda por cima é contada em duas partes, a segunda parte se passa um ano depois da primeira, e há muitas mudanças neste intervalo de tempo. Um outro detalhe importante é que este foi o primeiro Final Fantasy não-medieval; nos jogos anteriores até haviam algumas referências à tecnologia, mas ela está mais presente neste jogo do que nunca (para quem entende de RPG de mesa, os anteriores eram jogos de Fantasia Medieval, enquanto este é num estilo mais Steampunk).
Mil anos antes do início do jogo, houvera a guerra dos Magi, no qual três deusas tornaram os humanos seres mágicos chamados Espers (criaturas como fadas, sátiros e unicórnios). Vendo o dano que faziam, as deusas libertaram os Espers e se tranformaram em estátuas. Ao fim da guerra, vendo as grandes diferenças, os Espers se fecham em um mundo próprio, isolando-se completamente do mundo dos homens. Com isso, a magia é abolida do mundo e a humanidade se vê com a necessidade de voltar seus olhos para a tecnologia novamente. Já no presente, a tecnologia se desenvolveu bastante, com complicadas máquinas a vapor e pólvora substituindo a magia. Entretanto, Gestahl, o governante de um Império que tiraniza o mundo, quer expandir seu poder muito além do que já tem e invade a dimensão dos Espers em busca da Magia, para com ela dominar o mundo completamente e moldá-lo à sua imagem. A magia era um poder agora negado aos seres humanos, mas Gestahl encontra e escraviza uma garota chamada Terra Brandford que pode usar magia. Ele e seus cientistas pesquisam então uma forma de dar magia a seres humanos da mesma forma que Terra, usando o poder de alguns Espers capturados; além de Gestahl, outros humanos como Kefka e Celes também adquirem a magia e se tornam seus generais. Durante uma missão, entretanto, Terra consegue escapar do controle de Gestahl e se une aos Returners (Restauradores), um grupo rebelde que luta contra o Império de Gestahl, e é aí que o jogo realmente tem início. No decorrer da história vários outros personagens vão se unindo ao grupo (entre elas a própria Celes), ao passo que Kefka se revela como o verdadeiro vilão ao trair Gestahl (mas não vou contar O QUE ele faz; joguem e descubram).
Graficamente falando, Final Fantasy VI surpreende logo de cara. Graças ao Mode 7, há uma bela perspectiva em 3D, tanto no mapa quanto nas cidades, com ótimos efeitos de cores e luzes; além disso, o desenho conceitual dos personagens (feitos pelo Yellow Man Yoshitaka Amano, desenhista tradicional da série) é usado na tela de Status, como no FFIV. Os cenários estão muito belos e coloridos, apesar de terem um clima mais sombrio do que os outros jogos (adequados ao gênero Steampunk). Um ponto negativo, na minha opinião, é que muita coisa dos gráficos (principalmente dos personagens no jogo) foi reaproveitada do FFV. Destaco aqui o chefe secreto Doom Gaze, que é simplesmente um Ctrl-C/Ctrl-V do monstro Blue Ray (que também é secreto) do FFV. E claro, seguindo o padrão, os personagens no jogo são como se fossem desenhos SD. A diferença é na animação deles; aperfeiçoando o que já tinha melhorado no V, os movimentos estão mais complexos, além das expressões e dos ataques; excetuando as magias, cada personagem tem movimentos e ataques próprios, e armas específicas. A jogabilidade é muito boa, não chega a ser tão suave quanto em FFV (na minha opinião), mas nem de longe é tão travada quanto em FFIV (além de a versão americana não sofrer mudanças na jogabilidade, como aconteceu com a versão americana de FFIV). O jogo ainda usa o mesmo sistema de turnos nas batalhas: seu grupo de personagens anda durante um tempo pelo mapa, até que encontra um grupo de inimigos e a tela muda para o modo de batalha, onde seu personagem pode atacar com uma arma, usar um ataque especial próprio, uma magia ou então escolher algum item. Aliás, por falar em grupo, esta foi outra grande idéia da Square: é muito raro algum personagem ficar sem fazer nada, pois à medida que seu número de personagens vai aumentando, vai aumentando o número de grupos! Você pode escolher de um até quatro personagens em cada grupo, e aí o grupo se separa, cada um para uma missão diferente! Na segunda parte da história, quando isto acontece, é possível mudar de grupo à vontade, simplesmente apertando Y no mapa, e aí a ação passa para outro grupo que se formou. Soberbo! É possível até mesmo mudar os personagens de cada grupo, embora seja mais complicado, já que é preciso voltar à tela inicial da missão (ou à nave). Ainda sobre as missões, essa é que é uma das partes mais legais: a interatividade. Além da ordem das missões ser escolha do próprio jogador, durante elas pode-se fazer muitas coisas que terão (ou não) efeito na história principal. Por exemplo, se demorar muito para resgatar uma criança em uma casa (que está sendo sustentada pelo personagem Sabin), a casa desaba e é Game Over! Por outro lado, o final do jogo muda, dependendo se você salva ou não a vida de certo personagem. É possível encontrar grande número de personagens (dois jogáveis), itens, Espers, magias, inimigos e missões, como parte paralela. É um dos RPGs em turno mais interativo já lançado até então. Outra parte legal são os coadjuvates, mesmo os inimigos: honre o nome do General Leo, morra de rir com o Ultros, e chame o Kefka de FDP quantas vezes suas cordas vocais aguentarem.
Agora, uma das partes que foi a maior responsável pelo sucesso deste jogo é sem sombra de dúvida a trilha sonora. Nobuo Uematsu, que fizera a música dos outros jogos da série, retornou. A música de FFVI , com músicas diferentes para cada lugar, personagem e batalhas, é considerada uma obra-prima, e um CD triplo com a trilha sonora foi muito bem vendido no Japão. Agora, a parte mais famosa do jogo é uma ópera , a "Aria di Mezzo Caratere"(em italiano: "Ária do meio personagem"); nesta parte do jogo, a personagem Celes precisa fazer o papel de uma diva num teatro, e deve-se interagir, escolhendo certo a letra da música! Um erro, e a fase volta pro início. Devido às limitações sonoras do SNES, há uma imitação de um vocal acompanhando a melodia; foi uma das primeiras tentativas de se reprouzir a voz humana num videogame(muito bem-feita, diga-se de passagem). No CD Final Fantasy VI Grand Finale há uma versão orquestrada, com letras em italiano (amostra). Na versão do jogo para PlayStation, a Aria é mostrada em um vídeo em 3D. A série Orchestral Game Concerts inclui uma versão estendida da aria. 3 álbuns foram feitos com a trilha: Final Fantasy VI Original Sound Version, versões originais (lançado nos EUA, sob encomendas de correio, como Kefka's Domain); Final Fantasy VI Grand Finale, tocado pela Orchestra Sinfônica di Milano e Final Fantasy VI Piano Collections, versões ao piano . Nunca um jogo de Snes havia recebido tanto capricho em sua trilha sonora.
Uma questão importante é que este jogo é o verdadeiro divisor de águas na série; ele ainda está entre os dez melhores jogos (na lista do site GameFaqs), e cinco de seus personagens estão na lista dos vinte mais queridos de Final Fantasy (a primeira da lista é ninguém menos do que a Celes); foi o último jogo da série a não ter gráficos em 3D (exceto a perspectiva), o primeiro a apresentar uma importância igual entre todos os personagens (Terra é a protagonista, mas cada um dos demais é fundamental na história), o primeiro a sair do gênero Fantasia Medieval (o que não é exatamente uma qualidade), o primeiro a ter uma grande interatividade no decorrer da história (antes, pouquíssimas coisas podiam ser mudadas nos jogos), além de trazer muitas novidades que viriam a ser usadas nos jogos seguintes: o sistema de Magicites, itens que permitem ao personagem aprender magias e melhorar suas habilidades virou característica fundamental em Final Fantasy VII (mas com o nome de Materias), e os Desperate Moves (ataques especiais lançados quando os personagens estão com pouca energia) foram adotados em várias outras sequências, com destaque para Final fantasy VIII (onde viraram os Limit Breaks).
Além da versão original para Snes, foram lançadas duas conversões, para Playstation1 e para Game Boy Advanced. A versão para PlayStation mantém os gráficos e músicas, corrige alguns erros de tradução e bugs da versão do Super NES, e inclui vídeos em animação computadorizada, bem como um bestiário e uma galeria de arte, revelados à medida que o jogador progride. Já para o GBA, foi feito Final Fantasy VI Advance, lançada em Novembro de 2006 no Japão e em Fevereiro de 2007 nos EUA. Como extras foram incluídos 4 novos Espers (Gilgamesh, Cactuar, Leviathan, e Diablos; o primeiro é um personagem recorrente da série surgido em FFV , e o último vem de FFVIII) e equipamentos, uma nova tradução e um calabouço a ser explorado por três grupos, além de novos chefes e inimigos.
Com toda certeza, um dos melhores RPGs de Snes (se não O melhor), vale cada minuto jogado. Só existem duas reclamações: o chato do personagem Mog (ele NÃO merece a habilidade Dance! Maldito seja! Incluam ele na lista dos chatos!) e o fato de este jogo ser muito fácil em comparação com seus antecessores. O pessoal da comunidade Final Fantasy VI, no Orkut, fez um Hack da versão do Snes tornando o jogo absurdamente difícil e com alguns novos oponentes. Vale a pena conferir. Já no Blog da Old Games Zine, foi feito um review de algumas das principais censuras feitas na versão americana (não só de Final Fantasy, mas de outros jogos tb). Aqui o Link:
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NOTA FINAL: 10
HISTÓRIA MARAVILHOSA, GRÁFICOS LINDÍSSIMOS, TRILHA SONORA PERFEITA, PERSONAGENS CARISMÁTICOS... ISTO SIM É O QUE UM BOM FINAL FANTASY DEVE SER. MAIS DO QUE CLÁSSICO, UMA OBRA DE ARTE. PENA QUE NÃO É UM POUQUINHO MAIS DIFÍCIL...
Plataforma:
Playstation,
SNES
11 comments:
Não conheço esse Mog, vou jogar pra ver se ele é chato a ponto de fazedr frente pros outros.
E por falar nisso, acho que tem uma lenda desse jogo: recentemente, ouvi dizer que tem um Final Fantasy que tem uma personagem que morre (agora não me lembro do nome dela, mas parece que é essa Celes que vc falou), mas que seria possível evitar que ela morra e isso alteraria o final. Se vc tiver mais alguma informação a esse respeito, entre em contato!
A maneira mais fácil de acabar com os inimigos, até mesmo com os chefes, é usar a combinação das magias Vanish + Doom ou X-Zone, coisa que não acontece na versão do GBA.
Tristan, eu acho que na verdade vc está se referindo à Aerith/Aeris de FFVII(existe um boato de que ela pode ser salva, mas é apenas pega-trouxa). Em Final Fantasy VI, existe sim um momento em que a Celes pode morrer: é justamente a cena do suicídio. A diferença é que, se ela morrer, o jogo simplesmente acaba nesse ponto. O personagem que deve ser salvo é outro...(aliás, por falar em lendas de FF, eu conheço muitas mais. À pedidos, posso falar sobre elas).
E sim, acho que seria melhor eu me retratar num ponto: o Mog é um Moogle falante, e sem sombra de dúvida é um dos personagens mais chatos de Final Fantasy VI... mas existe um outro ainda pior: o polvo Ultros! Esse sim sabe encher. Se quiser, depois eu faço a ficha do elemento, blz?
Toda ajuda é bem-vinda, Azrael! Pode mandar a ficha dele e/ou as lendas do FF. Se quiser, manda pro meu e-mail: cleiton.munhoz@bol.com.br
"o primeiro a apresentar uma importância igual entre todos os personagens"
Primeiro e único, por isso, o melhor ;p
Também o único com 14 personagens
A ficha do Ultros eu posso mandar, mas as lendas de Final Fantasy eu queria, se possível, eu mesmo escrever na seção "Lendas dos Games". Pode ser?
Demorou, cara, manda brasa!
...please where can I buy a unicorn?
Esse jogo é uma jóia rara na história dos games. Sem dúvida os RPGs são antes de depois de FFVI
no sonho de cyan, existem os 3 carinhas lá. acho q é uma referencia ao filme "os tres patetas", o nome dos mestres sao: moe, larry e curly. nome dos 3 principais do filme citado :)
Entre os novos Espers na versão de PS1, além de Gilgamesh Leviathan também é proveniente de FFV. Ao contrário de Gilgamesh, que era inimigo no V, Leviathan já era um Esper daquele jogo.
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