Castlevania Bloodlines (Mega Drive)

domingo, 21 de junho de 2009 Postado por Azrael_I




Gênero:
Ação/Plataforma


Fabricante: Konami


Lançamento:1994


Jogadores: 1





Quem leu o especial "A História dos Videogames" aqui do Blog conhece a sacanagem estratégia comercial que a Nintendo usou contra o Master System e demais consoles lançados na época para manter a supremacia de seu NES 8 Bits: monopolizou as empresas produtoras de games para que estas lançassem jogos apenas para a Nintendo. Com isso, o Master System e muitos outros consoles e empresas de games afundaram, a Nintendo ganhou milhões, mas os perdeu também num processo pesado por acusação de monopólio comercial(e mesmo assim saiu em vantagem, já que seus jogos e consoles já vinham ganhando fama tanto pela qualidade quanto pela diversão). Mas as coisas mudam; quando esse embargo foi quebrado, as empresas produtoras de games logo procuraram a concorrência(sempre em busca do $$$, claro), ainda mais por causa da fama crescente do Mega Drive. E assim, a Konami(que já vinha brigando com a Nintendo há algum tempo por causa do embargo) em comunhão com a Sega logo lançou dois de seus maiores sucessos para o bom e velho Drivo: Contra e Castlevania, ambos jogos que fizeram história no NES. A propaganda, embora não divulgada formalmente, era clara: "jogue no seu Mega Drive os grandes games da Konami que foram sucesso na Nintendo!"

Castlevania Bloodlines, o Castlevania de Mega Drive, é um jogo que procurou se diferenciar dos demais jogos lançados até então, a começar pelo período: enquanto os jogos anteriores se passavam na Idade Média, este foi o primeiro Castlevania a se passar na Idade Contemporânea, mais precisamente na época da Primeira Guerra Mundial(mas felizmente não existem armas de fogo disponíveis para os jogadores, ou então iria fugir demais do clima de Castlevania). A história, embora beba na mesma fonte que os anteriores, consegue inovar: muitos anos se passaram desde que Drácula foi morto pela última vez(pela cronologia oficial, ele foi destruído quase cem anos antes), e uma condessa vampira chamada Elizabeth Bartley(baseada em uma condessa serial killer que existiu de verdade) decide trazer Drácula de volta à vida; para isso, ela decide reunir os poderes das trevas que estão nas mãos de diversos seres malignos espalhados pela Europa e sacrificar um imenso número de vidas, para completar o ritual. Assim, ela INICIA A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL(manipulando o assassinato do arquiduque da Áustria), para que as vidas perdidas na guerra sirvam de sacrifício para a ressureição de Drácula! É então que entram em cena os dois protagonistas, John Morris e Eric Lecarde, para tentarem impedir a ressureição do Conde.

Em termos gráficos, Bloodlines é impressionante: seus gráficos conseguem ser mais limpos e bonitos que o Super Castlevania 4 lançado para Snes, além de mais coloridos, e aí é que está o problema; os fãs mais radicais de Castlevania detestaram o clima meio "vitoriano" que Bloodlines tem, fugindo um pouco do clima de horror gótico dos jogos anteriores(mas só na cabeça deles, na minha opinião). Houveram também algumas alterações consideráveis; no lugar dos corações para usar de munição para as armas, temos agora jóias azuis, e no lugar da Cruz como arma secundária, foi adotado um bumerangue(que tem exatamente os mesmos efeitos que a cruz nos jogos anteriores); estas alterações são apenas estéticas, não inluenciam no jogo em si, mas acabaram por influenciar e dividir a opinião dos fãs. Graças ao processador do Mega Drive, contamos também com muitos detalhes interessantes nos cenários, como belos efeitos 3D em algumas fases(principalmente na terceira e na quinta) e reflexos. Vale ressaltar ainda que este jogo, diferente dos demais, não se restringe ao Castelo de Drácula como cenário, mas por várias partes da Europa(como a Torre de Pisa e o Castelo de Versailles), o que possibilitou a criação de muitas fases e cenários interessantes.

A jogabilidade se tornou outro ponto bastante discutido; em primeiro lugar, deve-se levar em conta que Bloodlines foi o primeiro Castlevania em que era possível escolher entre dois personagens diferentes logo no início do jogo, ambos com armas e habilidades diferentes. John Morris usa o tradicional chicote Vampire Killer como arma principal; sua movimentação e o uso do chicote é melhor do que nos jogos de NES e até mesmo do que no aclamado Rondo of Blood(Castlevania de PC Engine, que aliás também merece uma resenha), mas o chicote possui bem menos movimentos do que no Super Castlevania 4(embora em Bloodlines os personagens sejam mais ágeis), embora seja possível usar o chicote para se balançar, não é possível ficar pendurado indefinidamente com ele; pegando upgrades, o chicote se transforma em corrente e por fim num chicote de energia(e ganha até mesmo uma nova arma secundária). Já Eric Lecarde utiliza uma lança como arma, que como o chicote também ganha upgrades, ficando maior, mais forte e em chamas; a lança permite ainda dar saltos maiores(como salto com vara), permitindo a Eric alcançar lugares que John não pode.

A dificuldade do jogo depende do personagem: as coisas ficam bem mais fáceis jogando com Eric do que com John; além disso, a dificuldade do jogo pode ser alterada(o primeiro jogo da série com esta possibilidade), além da quantidade de vidas. Por outro lado, as passwords são traiçoerias: quando se utiliza uma password, volta-se para a fase em que parou com a mesma quantidade de vidas e continues com que morreu, tornando as coisa ainda mais duras para os jogadores. Os inimigos estão bem difíceis; os chefes nem tanto, mas há uma grande quantidade e variedade de inimigos em cada fase, além de um ou mais sub-chefes(que às vezes são mais difíceis que os próprios chefes) em cada fase. Vale ressaltar ainda que, na versão japonesa, embora venham menos inimigos, eles tiram mais energia em cada golpe.

Castlevania que é Castlevania não pode deixar de ter uma ótima trilha sonora e, ao menos neste aspecto, Bloodlines não decepcionou ninguém! Castlevania Bloodlines foi um dos jogos trouxe mais músicas novas à série, compostas por ninguém menos que Michiru Yamane(compositora da trilha sonora de Symphony of the Night); as músicas The Sinking Old Sanctuary e Iron Blue Intention(temas da segunda e quarta fase) se tornaram grandes clássicos, sendo aproveitadas inclusive em alguns jogos seguintes. Toda a qualidade sonora do Mega Drive foi aproveitada neste jogo, inclusive nas músicas antigas; além das novas, todas as músicas que fizeram sucesso nos jogos anteriores estão presentes(embora a maioria só seja possível escutar no Sound Test), como a clássica Vampire Killer e Blood Tears, num arranjo muito melhor. Mesmo assim, nem tudo é perfeito: embora os sons das armas e dos golpes esteja muito bem trabalhado, este é um dos poucos Castlevania em que os personagens principais não emitem som algum, nem mesmo quando são atingidos; a voz dos personagens sempre foi um grande destaque na série(Castlevania 1 ficou bastante conhecido por ser um dos primeiros jogos a terem um personagem com voz, e Castlevania 3 foi o primeiro jogo a ter uma voz diferenciada para uma personagem mulher, no caso de Sypha Belnades), e o fato de Bloodlines não ter voz para os personagens é uma grande falha.

Bloodlines merece o nome que tem: este é também um dos jogos mais violentos da série, com cenas claras de decapitação, desmembramentos e sangue jorrando pra todo lado, o que acabou por trazer um ponto negativo: Castlevania Bloodlines foi também o jogo mais censurado da série no Ocidente, inesperadamente não em sua versão americana, mas na versão Européia e Australiana: Castlevania The New Generation(nome europeu do jogo) teve quase todo o sangue dos cenários apagado ou substituído por água, além das cores de alguns personagens serem trocadas(como a dos zumbis); além disso ainda, nas versões japonesa e americana, a lança de Eric o empala quando ele morre, mas isto foi mudado na versão européia, a lança apenas cai do lado dele. Eric também tem uma face mais "feminina" na versão japonesa, e isto foi mudado na versão americana(tentaram dar uma cara de macho pra ele), mas não na européia. E houveram outras mudanças também, como inimigos trocados, o que alterou a dificuldade das versões ocidentais em relação à japonesa; o nome da versão japonesa é Vampire Killer(em vez de Akumajou Dracula, como nos outros jogos da série), em referência ao jogo original lançado para MSX no Ocidente.

Um detalhe interessante de Bloodlines é que este é o jogo da série que mais faz referências a fatos e histórias do mundo real(verdadeiros ou não); a mais destacada é quanto a John Morris, que seria filho de Quincy Morris, o homem que mata Drácula no livro Drácula de Bram Stoker(e ainda faz outras ligações, insinuando que a família Morris seria descendente da família Belmont, que em Castlevania são os verdadeiros algozes de Drácula). Há ainda muitas citações e "homenagens" ao livro, além claro das referências à Primeira Guerra Mundial. Além disso, existem ainda muitas outras referências à história dos jogos anteriores(Bloodlines também foi pioneiro nisso), como por exemplo o fato do castelo de Drácula estar semi-destruído. Outra coisa interessante é que este jogo gerou muita teoria entre os fãs da série, não só a respeito da descendência dos Belmonts, mas quanto a Eric Lecarde; surgiram insinuações de que Eric seria descendente de Alucard(o filho de Dracula) com Maria Renardt(pois o sobrenome de Eric parece ser uma junção dos dois), além de Eric portar o "Alucard Spear"; isto entretanto, ainda não foi confirmado nem realmente desmentido por Koji Igarashi, atual responsável pela série(e provavelmente não será).

Castlevania Bloodlines gerou ainda uma continuação direta, Castlevania Portrait of Ruin para Nintendo DS, em que jogamos com o filho de John, Johnathan(além de aparecerem também outros personagens de Bloodlines e mais referências); muitas dúvidas em relação à história de Bloodlines são respondidas e outras mais criadas em Portrait.




NOTA FINAL: 9,0
INOVADOR EM MUITOS ASPECTOS, GRAFICAMENTE BELO, E MAJESTOSAMENTE ORQUESTRADO. UM DOS MELHORES CASTLEVANIAS JÁ LANÇADOS, O ÚNICO GAME DA FRANQUIA PARA UM CONSOLE DA SEGA DEIXOU SUA MARCA NA HISTÓRIA DOS GAMES. SUAS DIFERENÇAS EM RELAÇÃO AOS DEMAIS JOGOS DA SÉRIE PODEM ATÉ NÃO TÊ-LO TORNADO O MAIS POPULAR, MAS ELE SEM DÚVIDA FAZ JUZ AO NOME CASTLEVANIA.
Plataforma:


6 comments:

Oráculo disse...

Esse é o melhor Castlevania para 16 bits. Ouso dizer até que supera os jogos de 8 bits.

Só tenho bronca desse jogo porque eu sempre me ferro enquanto minha namorada zera esse jogo como quem troca de roupa...

Marcio Melo disse...

Meu velho, não sei se vc é muito fã mas lhe indiquei em um meme la no meu blog.

Abração

Mensageiro Obscuro disse...

Jogo apelão com dificuldade me corta o desejo de jogar, é bom um jogo ser desafiador, mas exagerar na dificuldade é muito chato, ainda mais que agora sou um homem de 25 anos que tenho que estudar e trabalhar cada vez mais para montar minha vida. Agora jogo com detonados, pois meus dias, meses e anos não podem ser gastos a ponto de eu me arrepender em saber que joguei um RPG por 5 meses e que deixei várias coisas para trás que poderia ter pego.

Ramon disse...

Como o Oraculo disse: melhor castlevania dos 16 bits. Digo pq joguei todos.... ou quase todos... whatever rsrs .... excelente resenha, vou procurar conhecer o blog... gostei d mais.... mas so esqueceu de responder uma divida: pq Jonh usa o vqmpire killer? So zerei com o eric, ouvi falar que o jonh sofre, digamos assim, efeitos, por usar a arma e nao ser um belmont xD e vdd? Abs

Azrael_I disse...

Ramon, é verdade, o Vampire Killer causou alguns efeitos colaterais em John Morris, prejudicando sua saúde e levando-o à morte. Isto é melhor explicado no game Castlevania Portrait of Ruin, [SPOILERS, atenção]

em que o filho de John, Johnathan Morris, descobre a verdade. Pelo que foi (mal) explicado na história, a família Morris é um ramo secundário dos Belmonts; aparentemente, apenas Belmonts "puro-sangue" podem usar o poder total do chicote sem sofrer seus efeitos danosos (o motivo é explicado em Portrait e também em Castlevania Lament of Innocence); quando descobriu que o chicote estava tirando sua saúde, John pediu a Eric Lecard para que selasse o poder do chicote, para que ele não prejudicasse também Johnathan (que se viu obrigado a reativar o poder devido ao retorno de Drácula, como é explicado em Portrait).

ranzyel disse...

quem deu o o Vampire Killer John Morris, ? e Eric nao e filho do alucard nao foi treinado por ele

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