[Games em Foco] Mulheres e videogames (I)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015 Postado por Tristan.ccm

Infelizmente, vivemos numa sociedade machista. As mulheres ganham menos nas mesmas funções e são muito discriminadas Nos games, existe também muito preconceito, com personagens ou sexualizadas demais ou relegadas a condição de "namorada sequestrada". Nesse especial, dividido em duas partes, veremos como é a relação entre mulheres e videogame, primeiro falando das mulheres que fazem parte dos jogos e, depois, das jogadoras de videogame.

Parte 1 - As personagens femininas



O primeiro personagem feminino a aparecer num game era uma vilã, ou quase isso: Pinky, a fantasma rosa de Pac-Man. E era a segunda mais ágil, segundo a programação do jogo (só perdia para Blinky, o fantasma vermelho). A sequência do jogo nos trouxe a primeira heroína: Miss Pac-Man, que era só o herói do jogo anterior com um lacinho na cabeça... Era o máximo de feminilidade que a era pré-NES permitia!

Acreditem ou não, essas são as primeiras personagens femininas da história dos games!


Um pouco de evolução tecnológica nos trouxe uma nova personagem feminina: Pauline, a namorada de Jumpman que deveríamos salvar do perigoso Donkey Kong. Pauline puxou a fila de um estereótipo que perseguiu as mulheres dentro dos games: a donzela em perigo. São tantas que fica até difícil enumerar todas sem esquecer nenhuma: Marian (Double Dragon), Peach (Super Mario Bros), Prin-Prin (Ghosts'n Globins), Zelda (Legend of Zelda), entre outras.

Pauline, a primeira "donzela em perigo".


Entretanto, a era 8-bits nos trouxe a primeira grande protagonista e heroína dos jogos: Samus Aran, do game Metroid. E foi uma surpresa, pois ela só se revelou como UMA caçadora de recompensas pra quem zerou o jogo em menos de 3 horas, quando ela tira sua armadura. Apesar do bônus onde ela aparece de biquini (pra quem zerasse em uma hora ou menos), Samus não era sexualmente explorada no jogo, mesmo porque era meio difícil fazer isso usando pixels, porém ainda hoje ela é conhecida por ser uma mulher que não depende apenas de seus atributos físicos (coisa que a Zero Suit prova que ela tem, e muito).


A cena que chocou muitas pessoas: descobrir que quem destruiu Mother Brain e dezenas de Piratas Espaciais era uma mulher!


Mas a caçadora de Metroids é uma gota no oceano. Com o advento dos 16 bits e dos jogos de luta, as "gostosonas" chegaram com tudo: Chun Li (Street Fighter), Sonya Blade (Mortal Kombat), Mai Shiranui (King of Fighters) e Orchid (Killer Instinct) mostraram que muitas curvas e poucas roupas fazem muito sucesso. A coisa chegou a ponto da série Dead or Alive lançar um spin-off de vôlei de praia onde os programadores fizeram questão de criar uma engine exclusivamente para fazer os seios das personagens balançarem independente um do outro!

No papel, um jogo de vôlei de praia, mas quem comprou fez outro tipo de "exercício"


Outro gênero que faz esse uso das mulheres é o RPG. Já virou até piada as armaduras femininas, que deixam todos os atributos da guerreira à mostra, enquanto os homens se cobrem de metal dos pés à cabeça. Dificilmente você verá uma mulher com armadura cobrindo a barriga ou as pernas num MMORPG, ou mesmo num RPG de console.

Uma imagem que traduz o que muitas jogadoras pensam ao jogar um RPG


Para muitos, a culpa disso é o fato da maioria dos jogadores de videogame ser do sexo masculino. Podia até ser nos primórdios, quando eu e muitos de vocês começaram a jogar, mas hoje em dia isso já não é tão verdadeiro: segundo a revista Superinteressante divulgou em setembro de 2012, as mulheres gamers, no Brasil, já somavam 47%, ou seja, uma proporção quase de um para um! Pena que a maioria delas fique em jogos casuais e sociais como Candy Crush... Na segunda parte dessa matéria, pretendo abordar melhor essa questão.

Porém, se isso te incomoda de alguma forma, existem exceções à essa regra. Lara Croft, que nos primórdios do 3D teve seus seios poligonais exagerados de propósito, hoje é mostrada de forma mais humana e realista. Faith, a protagonista de Mirror's Edge, apesar das roupas curtas não é uma "sex-bomb" e consegue, assim como Samus, ser feminina sem apelar para o sexismo. E a Chell, de Portal, também merece ser mencionada.

Chell e Faith, duas gotas num oceano de peitos e roupas curtas, mas provam que dá pra fazer personagens femininas sem apelar pra vulgaridade


Pena é que essas personagens, que não precisam usar biquínis minúsculos para serem lembradas, sejam exceção e não regra. Enquanto for assim, as mulheres continuarão afastadas de uma forma de arte que poderia ser menos sexista...

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