Gênero: Ação / Plataforma
Fabricante: Capcom
Lançamento: 1985
Jogadores: 1 player
Uma reclamação bem comum dos retrogamers em relação aos games da geração atual é a falta de dificuldade nos jogos.
Checkpoints a cada cinco minutos, vidas infinitas, tudo isso é motivo pra muita gente bancar o velho ranzinza e soltar aquelas pérolas que sempre começam com
"no meu tempo...". Mas será que dificuldade é sinônimo de diversão? Pra mim, a resposta é: nem sempre! E Ghosts'n Goblins é a prova disso.

O enredo é o clássico "resgate a donzela em perigo", com uma cena inicial mostrando o cavaleiro Arthur e a princesa Prin Prin numa romântica cena, interrompida pelo vilão Satan que rapta a mocinha, obrigando o heroi a sair em busca da amada. E aí que vem o primeiro problema, pois a jogabilidade é uma mistura de Megaman com Castlevania: a movimentação lembra o robozinho azul, mas os pulos são no estilo do clã dos Belmonts! Some isso ao fato de Arthur morrer com apenas dois hits (o primeiro quebra sua armadura e o segundo mata) e temos um jogo difícil de doer os dedos! Sério, esse é o jogo mais difícil que eu já joguei em toda a minha vida, perto dele Battletoads é a coisa mais simples do mundo.

Os gráficos não são a melhor coisa que o NES podia fazer, mas dão pro gasto. A trilha sonora que fez a fama do jogo nos arcades está ali, grudenta e gostosa de ouvir como sempre. E os controles são perfeitos, apesar do pulo Belmont (que aliás é algo com o qual você vai se acostumar antes do fim da primeira fase, ainda mais se já tiver derrotado Drácula antes de encarar esse jogo). Arthur pode encontrar power-ups durante o jogo, alguns em lugares pré-estabelecidos e outros derrotando inimigos que carregam potes. Porém, com exceção da faquinha (a melhor arma do jogo, e rara na mesma proporção) e da armadura extra os outros são inúteis: Arthur começa atirando lanças, mas pode pegar além da já citada faca armas como tochas, machados e escudos (sim, é uma arma, e sem ela é impossível derrotar o Satan!). Problema: o escudo tem um alcance curtíssimo, enquanto tochas e machados fazem um arco no ar, ou seja, você fica limitado a atingir ou quem está a uma determinada distãncia ou quem estiver abaixo de você. Sendo assim as duas únicas armas que prestam são a lança e a faca, e a segunda só é melhor pois a lança é meio lerda.

Outra coisa que te ferra nesse jogo é o tempo. A fragilidade de Arthur muitas vezes te obriga a ficar esperando um inimigo se afastar pra que você passe em segurança, mas você tem cerca de três minutos pra passar de fase, e às vezes não dá tempo. Na última fase isso irrita, pois tem 752489 inimigos antes do chefe, que mesmo com o escudo demora uma eternidade pra ser derrotado. Eu cheguei nele com apenas 30 segundos pro fim e só de cueca, e não tenho vergonha de dizer que usei save state pra matá-lo, pois se você morre volta lá pra baixo e tem que fazer tudo de novo! O jogo tem continues infinitos e você não perde sua arma se morrer, mas isso não é nada comparado à quantidade de complicadores do jogo.
Ao zerar, você vê uma mensagem dizendo que precisa fazer TUDO DE NOVO pra ver o final verdadeiro. Eu confesso que não fiz isso, pois zerar a primeira vez foi tão doloroso que eu já estava esgotado. Esse é o tipo de jogo que deve ter dado muito lucro pra Nintendo, pois acredito que muitos joysticks devem ter voado da mão de jogadores direto para a parede por causa desse jogo. Tá certo que a dificuldade é algo que sempre nos motiva a zerar, e a falta dela pode fazer com que abandonemos um jogo depois da primeira zerada. Mas, como já disse aqui sobre o realismo, a dificuldade também precisa ser bem dosada. Em excesso, pode fazer o que ela fez com esse jogo: tornar algo que seria muito bom, em algo não tão bom assim.
NOTA FINAL: 8,5
GHOSTS'N GOBLINS TINHA TUDO PRA SER UM DOS MELHORES JOGOS DO NES, MAS É DIFÍCIL DEMAIS. ALGO TÃO SIMPLES QUANTO UMA BARRA DE VIDA PODERIA TER FEITO A DIFERENÇA POR ESSE GAME.