[Games em Foco] Um pouco sobre Remakes e afins

terça-feira, 29 de outubro de 2013 Postado por Azrael_I



Quando alguém me fala "Por que você gosta tanto de videogames velhos se hoje em dia tem games mais modernos, feitos com tecnologia melhor etc.?" eu simplesmente acerto a cara do infeliz respondo que pra mim não importa a idade do game e sim se ele é um BOM game, o que costuma ser um argumento irrefutável. Um jogo bom independe de em que condições ou época ele foi feito; se a idade física fosse um fator negativo, ninguém hoje em dia jogaria mais Xadrez, não é mesmo?

É verdade, no entanto, que existem mesmo games que não envelhecem muito bem; são jogos que impressionaram por um fator ou outro, em sua época de lançamento, mas que hoje em dia são praticamente "injogáveis" (ou já eram ruins mesmo em sua época...). Aqui no Museum, a maior parte de nossas resenhas fala dos melhores jogos lançados para os consoles clássicos, mas há algumas exceções também (como o recente Superman 64, que o Tristan resenhou; esse aí era, é, e SEMPRE será ruim).

"Tá, mas por que tá falando tudo isso agora, ô Azrael?"

Bem, só falei um pouco sobre os motivos pelos quais as pessoas jogam games antigos (eu, em particular; existem muitos outros motivos, claro, mas deixa isso pra outro post) para abrir o tema deste post: os Remakes. Andando por alguns de nossos sites parceiros (como o OldGamesFTW e o Retroplayers) e pelo resto da Internet eu notei que, ultimamente, tem havido uma crescente onda de remakes de jogos antigos. Mas o que são remakes?



FFIV para Snes, DS e PSP; o mesmo game, consoles e gráficos diferentes. E jogabilidade, som...


Um remake (refeito, em Português) é como são denominadas as novas concepções para velhas ideias. Isto não acontece apenas nos videogames e nem mesmo é um fenômeno recente: muitos filmes, músicas e seriados já receberam remakes nas mãos de diretores, roteiristas, músicos ou mesmo fãs que se predisporam a fazer uma nova versão de algo que acharam interessante. Por exemplo, o filme Eu Sou a Lenda com Will Smith é um remake do filme The Last Man on Earth, um clássico do ano de 1964 com o ator Vicent Price (ambos baseados em um livro, aliás).


Cartazes de The Last Man on Earth e de Eu Sou a Lenda; engraçado que os títulos parecem combinar melhor se forem trocados de capas

A proposta aqui, entretanto, é falar sobre games, mais precisamente sobre os remakes de games, e principalmente, se eles valem a pena. Como eu disse, tenho notado uma crescente onda de remakes no mundo dos games; este ano foram lançados, em um curto espaço de tempo, os remakes de Ducktales de Nes 8 Bits, Flashback e de Castle of Illusion para Mega Drive, três games que fizeram muito sucesso em sua época e que agora foram "reencarnados" para as plataforma modernas.


Ducktales, Flashback e Castle of Illusion: as versões originais e seus remakes

Praticamente toda a série Final Fantasy da Era 8/16 Bits já recebeu seus respectivos remakes (os mais recentes foram FFV, que teve uma versão lançada para celular e FFVII, que além de spin-offs, recebeu recentemente um remake completo para PS3 e um não-oficial para Nes 8 Bits!); dos Castlevanias, já tivemos remakes de vários, entre eles o Castlevania original para Nes e MSX (MUITOS remakes deste game, aliás), de Castlevania Adventure para Game Boy (para Wii) e o próprio Lords of Shadows foi considerado por seu criador como um remake do Castlevania original para Nes/Disk System, além é claro do Castlevania Chronicles que, além de remake do Castlevania original, é também um remake do Castlevania para X68000. Há quem considere Metal Gear Solid (Playstation) como um remake dos dois Metal Gears originais (de MSX), sem contar o fato de que o próprio Metal Gear Solid recebeu um remake para Game Cube (Metal Gear Solid: The Twin Snakes).





Castlevania X68000 e Chronicles e Metal Gear 2 e Solid

Mas o que significa afinal toda essa onda saudosista no mundo dos games? Será que os produtores perderam a imaginação e resolveram simplesmente apelar para o sucesso dos games do passado (assim falando, parece que eu tenho um milhão de anos...) por simplesmente não terem mais o que inventar?

Golden Axe e Golden Axe Beast Rider: uma sequência que decepcionou muita gente

Não acho que seja exatamente o caso. Reaproveitamento de ideias não é algo novo, nem mesmo nasceu com os games (como eu disse no começo deste post); quando se trabalha com um tipo de mídia, costuma-se explorar os diversos tipos de gêneros existentes: ficção científica, faroeste, luta, romance histórico e outros são todos bem conhecidos, tanto nos videogames quanto em filmes, livros etc. GTA não foi o primeiro game Open World, mas foi o que mais popularizou o gênero; por causa disso, se tornou referência quando se fala de um game estilo mundo aberto, a ponto de muitos considerarem os games que o seguiram (e até alguns anteriores) como "cópias" de GTA só por serem Open World, mesmo que tenham pouco a ver com GTA, como é o caso de Batman: Arkham City.

Prince of Persia original e Sands of Time: dois imensos sucessos em épocas diferentes

Por outro lado, não é este o caso dos remakes; um remake não é necessariamente uma cópia, ele reaproveita completamente (ou mesmo parcialmente) a história, mecânica de jogo, personagens de um game anterior etc. e dá a eles uma nova "roupagem"; é um game novo, mas baseado em outro, em geral feito com tecnologia atualizada (embora existam exceções; daqui a pouco falo sobre estas). Seja como for, eu acredito que, quando vão criar um novo game, as produtoras têm as seguintes opções:

1 - Criar um estilo/gênero novo: difícil, uma vez que já foram inventados games em quase todos os estilos imagináveis; a solução, em geral, é combinar estilos (como criar um RPG com jogabilidade de Beat n'Up, ou adicionar corrida a um game de exploração) para criar games completamente diferentes da maioria. Shenmue manda um abraço.

2 - Explorar um gênero já existente: o meio mais comum, e a explicação de porque existem tantos jogos de luta com jogabilidade parecida com a de Street Fighter, tantos games de estratégia parecidos com Age of Empires etc. Isto foi bastante usado nos anos 90, devido ao sucesso de  alguns poucos games, o que acabou por limitar um pouco a criatividade (e, mesmo assim, muitos games de um mesmo gênero conseguem ser inovadores). E claro, esta tática continua sendo usado hoje em dia: quantos clones de God of War existem por aí?

3 - Fazer um Remake: neste caso, as produtoras "atualizam" algum game antigo com tecnologia recente disponível (e com certeza alteram vários aspectos do game e/ou da história, embora a esmagadora maioria dos players prefira o contrário). Um remake pode ser tanto literal (ou seja, copiar nos mínimos detalhes o original) como ser completamente diferente, mantendo apenas o nome ou qualquer outra característica do original, podendo ainda ser uma sequência do game original. Final Fantasy IV para DS é um exemplo de remake literal do FFIV para Snes, enquanto Prince of  Persia The Sands of Time pode ser considerado um remake completo do PoP original para PC (neste caso, o game costuma ser chamado de Reboot, já que recomeça a história do zero); as sequências, por sua vez, podem tanto ser um remake literal (melhorado ou piorado) de um game como um jogo completamente novo, com muitas diferenças em relação ao anterior; um prequel (às vezes chamados de "prequências") é um game lançado cronologicamente após outro, mas sua história se passa antes do game original (Metal Gear Solid 3 é um prequel de todos os games da série lançados antes). Uma sequência ou um prequel quase sempre é um remake de outro game, com raríssimas exceções (Super Mario World 2: Yoshi's Island é um exemplo de sequência/prequel que com certeza não é um remake do Super Mario World original).


Separados por quase duas décadas: Final Fantasy VII para Playstation e um Mod (Modificação) para Unreal Tournament 3; quando  empresa não faz, os fãs inventam

A primeira opção raramente é viável (embora até que esteja acontecendo bastante, ultimamente: as versões Empires de Dynasty Warriors combinam a jogabilidade Hack n' Slash dos jogos normais da série com a jogabilidade de estratégia dos antigos games da Koei, como Genghys Khan II), enquanto a segunda é explorada à exaustão. Para dar uma refrescada no excesso de clones lançados, ironicamente, a opção é refazer um game (ou seja, lançar um jogo quase igual a outro). Mas por que? Para uma produtora de games, é economicamente atraente tentar explorar novamente uma ideia que fez sucesso, mesmo que a ideia já esteja sendo usada em um lançamento; os jogadores (ou seja, clientes em potencial) já conhecem a marca, sabem que é boa e podem se sentir compelidos a experimentar o remake/reboot/continuação do que testar um game novo do mesmo gênero, sendo este também o motivo de haverem tantos clones entre os jogos. Claro, isto nem sempre dá certo (prova disso é que Castlevania Lament of Innocence fez bem menos sucesso do que God of War). Além disso, é até comum as empresas explorarem demais os remakes; Street Fighter II ganhou toneladas de remakes, alguns até no mesmo ano em que foi lançado (1991): SFII' Champion Edition, Street Fighter II Turbo, Super Street Fighter II The New Challengers, Street Fighter II Hyper Fighting etc. etc. etc... Cada uma destas atualizações contava com algumas mudanças, embora pequenas, como controlar os chefes do game, novos lutadores ou sprites diferentes. Foi o meio que a Capcom encontrou para manter os fãs antenados (e enrolados) enquanto podiam explorar ao máximo a engine do SFII original (e claro, encherem os bolsos...). Embora hoje quase todo mundo reclame do excesso de Street Fighter II que foram lançados enquanto a Capcom não lançava uma sequência legítima, ninguém deixou de jogar, o que provou a eficiência da estratégia da Capcom (o que aliás foi copiado pelos King of Fighters e Samurai Shodown da vida, que embora recebessem verdadeiras sequências tinham poucas mudanças em relação aos games anteriores).



As poucas diferenças entre as telas de seleção de personagem de alguns dos muitos Street Fighter II

Existem ainda os chamados Demakes; um demake (ou "de-make", como é chamado em alguns sites) é um "remake ao contrário", ou seja, um game feito com tecnologia inferior ao original. Alguns exemplos disso são versões 8 Bits de jogos recentes, como Final Fantasy VII e Left 4 Dead; embora a maior parte dos demakes sejam hacks (como os dois citados), existem também alguns lançados oficialmente, como o recente Megaman 9 para Wii que embora seja a sequência oficial da série, foi feito com tecnologia 8 Bits. Os demakes  são a prova de que o saudosismo é uma forte constante entre os gamers e de que a tecnologia antiga, ultrapassada ou não, ainda pode gerar bons frutos (embora sejam precisos MUITOS demakes ruins para gerar um bom, verdade seja dita...). Ah sim, embora o nome seja recente, demakes existem já há bastante tempo (Castle of Illusion e Moonwalker para Master System são demakes lançados quase ao mesmo tempo que os originais).

FFVII para Nes, Moonwalker de Master, Left 4 Dead 8 Bits e Megaman 9; novos e velhos Demakes


É preciso levar em conta que o fato de ser um remake/demake/sequência/prequel ou ter qualquer outra  ligação com um game de sucesso não quer dizer necessariamente que o novo game será tão bom quanto o original... ou mesmo fazer tanto sucesso quanto o original. Neste post eu tentei mostrar os dois casos, tanto remakes que deram certo (e "ressuscitaram" uma franquia) como os que não tiveram o retorno esperado. Não podemos nos esquecer, porém, do maior ponto positivo da onda dos remakes, que é justamente o relançamento de alguns de nossos games favoritos, o que contribui para mantê-los "vivos" para as produtoras, e com isso podemos continuar sonhando com sequências, prequências ou simples remakes mesmo dos nossos jogos favoritos (até mesmo Golden Axe e Splatterhouse ganharam sequências em tempos recentes! Não tão boas quanto os originais, mas já servem para dar esperança a muitos jogadores). Além disso, vale lembrar que remakes não estão restritos às produtoras originais: os Hacks são bastante populares entre os retrogamers desde a expansão da Internet, pois são maneiras de se explorarem a capacidade dos games antigos, embora isto seja limitado devido aos direitos autorais (que o diga o Streets of Rage Remake...). Enfim, concluindo o post (mas deixando aberto para discussões futuras), que seja bem-vinda essa onda de remakes! Desde claro, que respeitem os games originais e seus fãs...


 Um dos Remakes mais famosos: Streets of Rage Remake
Plataforma:


8 comments:

Unknown disse...

Vale lembrar de Resident Evil Remake , o original é muito bom mas o remake é simplismente fenomenal !

Azrael_I disse...

Bem lembrado, Nicholas. O post ficou pequeno e não pude colocar todos os remakes que eu queria (e muito menos todos que existem) mas pelo menos já serve para se fazer uma ideia.

Unknown disse...

Grande texto, parabéns pela postagem e continue com o bom trabalho.

Unknown disse...

Parabéns pelo texto, e aproveitando que você os citou, eu acho que você deveria fazer o próximo Games em Foco sobre reboots.

Moisés Rodriguez disse...

Não quero ser chato... mas você sabe que a imagem na qual está apresentando Final Fantasy VII como um remake de Ps3 na verdade é um mod feito por um fã de um game de tiro podendo jogar com personagem de FFVII, sabe?
Sou um grande fã de FFVII.

Moisés Rodriguez disse...

Seria legal vocês fazerem uma pagina no Facebook para notificar novas atualizações da pagina. :D

Azrael_I disse...

Moisés Rodriguez

Pra falar a verdade, eu realmente não sabia... mas já corrigi. Valeu!

Quanto à página no Facebook, tudo que posso dizer por enquanto é que estamos em fase de planejamento.

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