Videogames e a Violência

segunda-feira, 7 de junho de 2010 Postado por Azrael_I

E aqui vou eu novamente mexer em vespeiro... Inicialmente, eu pretendia fazer este como mais um post da série Lendas dos Games, mas enquanto escrevia e pesquisava sobre o tema, percebi que o assunto ficou maior do que eu esperava. E com razão. O debate sobre se os games influenciam a violência é antigo(vem desde antes mesmo da época do Atari 2600) e, ao que tudo indica, ainda vai dar muito pano pra manga, ENQUANTO PAIS E AUTORIDADES CONTINUAREM PROCURANDO E INVENTANDO DESCULPAS PARA O COMPORTAMENTO VIOLENTO DAS PESSOAS. Sim, pois esta é a minha opinião(e repito, MINHA, já que não é de minha intenção falar por ninguém): a culpa da violência não é dos games. Nem da TV. Nem da música. Nem dos livros. Nem de qualquer outro meio da mídia(rádio, Internet, cinema, jornais etc.). A culpa da violência, tão na cara que ninguém consegue ver, é das próprias pessoas.

A violência sempre foi inerente ao ser humano. Vem da nossa própria natureza, como animais racionais que somos. Para os que acreditam na Bíblia, o comportamento violento vem desde a época de Caim e Abel. Para os que só acreditam na Ciência, vem da época em que seres humanos eram macacos. Seres humanos têm armas naturais(cérebro e mãos) que usam para obter alimento, conforto e família. No entanto, com certa frequência, ele usa suas habilidades, conhecimento e demais meios para fazer mal a outros por diversos motivos, seja inveja, ciúme, raiva ou qualquer outro. Eu não sou psicólogo e não tenho como fazer uma análise científica do comportamento violento humano(e nem é esta a proposta do Blog), como eu disse, só posso dar a minha opinião(que graças a Deus e a meus pais, sempre tentei basear em tudo que aprendi). E a minha opinião é que a violência, embora tenha uma origem dentro de cada ser humano, cresce em progressão geométrica à medida que se soma à violência dos outros, seja dos amigos, dos parentes ou da própria sociedade.

Mas, como eu disse, não quero fazer uma "tese" sobre violência aqui. Minha intenção é tentar responder: "Afinal, videogame aumenta a violência"? Na opinião de muita gente(até de países inteiros) sim. A questão, como eu disse, é que pesquisas apontam que, mesmo que haja um aumento, ele é irrelevante quando comparado com os problemas da sociedade: fome, miséria, intolerância, preconceito, drogas, ausência de educação... na tentativa de diminuir a importância desses problemas(ou até mesmo a INCOMPETÊNCIA das autoridades em resolvê-los), a sociedade procura diversas "válvulas de escape"(entenda-se "desculpas") para os índices de violência entre os jovens(e também entre os não-jovens). Cito como exemplo uma matéria e um comentário da coluna GameOver do jornalista Caio Teixeira justamente sobre este assunto:


Resumidamente, Caio fala sobre como a imprensa noticiou o caso de um menino alemão que abriu fogo em sua escola( http://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_de_Winnenden ), destacando que ele era jogador de Counter-Strike, mas dando pouco destaque ao fato do pai guardar todo um ARSENAL em casa. A culpa maior é de quem: do jogo que "treinou" o garoto pra atirar, ou do pai que deixou a arma acessível? Pra responder isso, cito um comentário nesse mesmo site, do internauta "Tiaumn":" cara , eu acho incrivel que nego nao quer ver o obvio, esses mlk atiradores tem o video game em comum , nao por usar eles como treinamento , pq se for o caso os milhares de jogares que tem espalhados pelo mundo sao soldados em potencial. Mais sim pq eles usam o video game , jogos violentos como uma fuga de suas vidas perturbadas , se voce der uma arma carregada pra um macaco ele mata alguem , armas hj em dia sao facil de ser manuseadas , nao tem mais coice como antigamente , nao precisa de esperiencia , so precisa de logica ."

Como eu disse, eu não tenho respaldo profissional para falar sobre este assunto; o que eu tenho é a minha opinião baseada no que eu VEJO, LEIO e ESTUDO. E quanto mais eu estudo sobre este assunto, menos eu acredito que a culpa pela violência em certos casos destacados pela imprensa não são dos games. Uma reportagem da revista Superinteressante(que aliás, foi o que me inspirou a fazer este post), fala justamente como muitos meios sociais se valem de pesquisas FAJUTAS ou MANIPULADAS para defender que a violência é culpa dos games. Reproduzo aqui, na íntegra, esta reportagem:


Reportagem da Superinteressante

"A FALSA CIÊNCIA QUE CRIMINALIZA O VIDEOGAME

Os dados mostram que jogos não causam violência juvenil. E conclusões contrárias só vêm de estudos ruins. *TEXTO: Christopher J. Ferguson

Em países como EUA e Coreia do Sul, os esforços para regulamentar videogames voltaram. O Argumento: games contribuiriam para o comportamento agressivo de jovens. Esses esforços podem ser bem-intencionados. Mas estão baseados em pesquisas realizadas com falhas básicas.

Se ouvem falar de estudos que ligam games a agressividade, muitos pais devem imaginar seus filhos batendo nos outros por aí. Eles não sabem que agressões físicas raramente são analisadas em pesquisas científicas. Nos estudos, o comportamento é testado com atividades como estourar balões ou preencher letras que faltam em palavras(pra ver em que os participantes estão pensando).

Além disso, algumas pesquisas são direcionadas. Um dos estudos de referência na área foi publicado em 2000 por professores da Iowa State University e do Lenoir Rhyne College, nos EUA. Nele, jovens ouviam um barulho - detonado por outro competidor - quando perdiam um jogo. Quatro métodos foram usados para descobrir se os participantes se irritavam com aquilo. Só em um desses métodos a irritação apareceu. Mas os pesquisadores se concentraram nele, porque se aplicava à tese do estudo. E ignoraram o resultado negativo dos outros três.

Quando usadas medidas válidas de agressão, e considerada a influência de família e comunidade nos jovens, o efeito dos games não se comprova. E, mesmo que ignorássemos as falhas das pesquisas, os resultados encontrados são irrelevantes. Os estudos indicam que games causam aumento de entre 0 e 2,5% no nível de agressividade. É pouco. Ou seja, no debate sobre violência, um lado defende que o efeito dos jogos é nenhum, e o outro defende que é quase nenhum. Ainda assim, os pesquisadores difundem a ideia de que games geram o mesmo risco para a sociedade que ameaças de saúde pública, como o cigarro.

Nas últimas décadas, a popularidade dos games disparou em países como EUA e Japão. Já as taxas de violência juvenil caíram. Precisamos nos concentrar em outros fatores se quisermos acabar com a violência entre jovens, como violência familiar e pobreza. Esses, sim, são ameaças à sociedade."

Complementando esta reportagem da Super(como se ainda precisasse): muitos estudos feitos por grupos como Harvard Medical School Center for Mental Health(Centro para Saúde Mental da Universidade de Medicina de Harvard), Journal of Adolescent Health(Diário da Saúde Adolescente) e British Medical Journal(Diário de Medicina Britânico) mostraram que NÃO EXISTE UM ELO ENTRE USO DO VIDEOGAME E ATIVIDADE VIOLENTA.(fonte: Wikipedia) É quase inacreditável que, mesmo com tantas pesquisas e conclusões, muitas autoridades(inclusive dos Estados Unidos e Grã-Bretanha, onde estas pesquisas foram feitas!) ainda insistem em querer culpar os games pelo comportamento violento! E pior, não hesitam nem mesmo em corromper e omitir dados dessas pesquisas para "provarem" suas teorias preconceituosas e difamatórias!

O que dói mais é saber que esse tipo de IDIOTICE não ocorre apenas em alguns países, mas em praticamente todo o mundo. E o Brasil não é exceção. Há muitos anos, políticos vêm atacando os videogames, culpando-os pelo comportamento violento(e isto não acontece apenas com videogames, mas também com outras formas de entretenimento como filmes e RPG), mas usando isto como pura forma de autopromoção. Ficou muito famoso o caso do brasileiro que atirou em pessoas num cinema sob efeito de drogas e declarou que estava se vendo dentro do jogo Duke Nukem(onde tem uma cena em que ele atira em monstros no cinema).

É claro que isto foi um prato cheio pra mídia e pros políticos que pregam a censura nos jogos e nos filmes(destaco um trecho do artigo da Veja que fala justamente sobre isto: "Brotaram explicações psicológicas e psiquiátricas de todos os tipos para o comportamento do estudante. Não faltaram nem mesmo as habituais menções à influência dos filmes violentos, como se as pessoas que assistissem a esses filmes saíssem sempre atirando na multidão". Nas listas de jogos que tentam proibir, vão desde tecnicamente impossíveis(como Counter Strike, o jogo que 9 em cada dez fãs tem em casa) até absurdos(como Everquest e Sonic!). Essas censuras só acabam mostrando ainda mais a incompetência de certas autoridades nestes casos. Não me admira muito que críticos da imprensa critiquem dura e merecidamente a política brasileira... Como disse o grande escritor Stephen King justamente sobre este tema: "O que me deixa furioso é que políticos decidam assumir o papel de pais substitutos. Os resultados disso são usualmente desastrosos, além de antidemocráticos" ( http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u390378.shtml ).

Uma coisa que quero deixar claro: não sou absolutamente contra a política ou os políticos em si, mas sim contra aqueles que fazem mal uso das leis. E isto não inclui apenas os políticos corruptos(mas todos eles, hehehe), mas qualquer um que tenha alguma autoridade, influência ou poderes na lei, tais como juízes, doutores, imprensa etc. e façam mal uso de suas capacidades. E sim, isto inclui os próprios eleitores.



Eu ainda tenho muito(mas MUITO mesmo) a escrever sobre este assunto, mas vou deixar isto para outros posts. Como eu disse este é um tema delicado, que rende muito assunto, e não gostaria de expô-lo ou discutí-lo de maneira leviana. Conto com a opinião dos frequentadores do Blog para fazer disto uma discussão inteligente e, se possível, chegarmos a um consenso sobre este assunto.


P.S.: Espero que me perdoem por usar charges para ilustrar este tópico com um assunto tão sério. Apenas achei que esta seria uma boa forma de chamar a atenção... sem precisar apelar para imagens violentas.