Dragon Warrior (NES)
Gênero: RPG
Fabricante: Enix
Lançamento: 1986
Jogadores: 1 player
Embora não seja tão famoso no ocidente, no Japão (onde é conhecido como Dragon Quest) essa série de RPGs chega a superar em popularidade a onipotente Final Fantasy, e após conhecer o jogo de estréia, posso dizer sem medo: sua estreia foi muito superior à estreia da série rival, pois enquanto Final Fantasy 1 (também para NES) tinha uma jogabilidade falha e gráficos mais feios que o Tiririca chupando limão, aqui temos um RPG de 8 bits que, se não é perfeito, diverte e te prende até o final, embora às vezes te faça chorar de raiva.
O enredo do jogo, apesar de meio clichê, é muito bom: você encarna um descendente de Eldrick, herói que anos atrás salvou o reino de Tantegel do diabólico Dragonlord. Infelizmente o vilão voltou e além de sequestrar a princesa Gaelin o lagartão roubou a Bola de Luz, item mágico que espantava os monstros do reino. Agora, cabe a você salvar o reino e a princesa.
Os gráficos são muito bonitos, mesmo para um console de 8 bits, e o motivo disso tem nome e sobrenome: Akira Toriyama, o lendário criador de Dragon Ball, também criou os personagens desse jogo (e das sequências). Era a primeira contribuição do mestre japonês nos games, parceria que anos depois nos brindaria com uma obra prima chamada Chrono Trigger. Já as músicas, apesar de também serem boas, como se repetem muito podem acabar te enjoando.
Outra coisa que pode te encher o saco, e que algumas vezes pode te levar a querer desistir do jogo, é a jogabilidade, diferente de tudo que eu já tinha conhecido em RPG! Primeiramente o menu de status não é aberto pelo botão start, basta largar o controle e ele salta na tela. Alguns acham isso bom, mas tem gente que vai reclamar que isso atrapalha a movimentação. Além disso, o inventário não é como o de jogos como Zelda e Pokemón, aqui tudo é limitado, e confesso que dessa parte eu não gostei. Veja por exemplo em Final Fantasy: uma das táticas que eu (e creio que a maioria dos jogadores também faça isso), é gastar tudo o que sobra da compra de equipamentos em itens de cura e de recarga de MP. Lembro que cheguei a comprar mais de 200 poções fortes em FFIV quando estava perto do fim do jogo, e gastei uma boa parte delas na batalha contra o chefe final. Fazer isso em DQ1? Sem chance! Aqui no máximo você carrega 6 ervas para recarregar seu HP, e recarga de magia só nas pousadas! Com isso, você acaba deixando as magias de ataque completamente esquecidas, pois se não reservar seu MP para se curar vai virar almoço de Slime rapidinho! Menos mal que após comprar o item Dragon Scale e o usar, seu HP sobe aos poucos enquanto você anda.
Outra coisa massacrante em DQ1 é o chamado "Level Grinding". Traduzindo, "grindar" significa ficar perambulando pelo overworld para batalhar e ganhar níveis. Não que a gente não faça isso em outros RPGs, mas experimente explorar uma nova área do mapa sem ganhar pelomenos 3 levels e você vai viver menos que um pedestre do GTA. Some isso ao fato do jogo ter apenas UM save point (o trono do rei de Tantegel) e temos o RPG mais difícil que eu já joguei na minha vida!
Pra você que acha que o Tristan ficou louco, pois primeiro eu elogiei o jogo e depois fiquei tacando pedra, saiba que os defeitos que eu citei acima não superam as qualidades desse jogo, pelo contrário: Dragon Warrior é como se Final Fantasy tivesse a dificuldade desafiadora de Mega Man, pois o jogo é difícil sem judiar do jogador. Dá gosto ver aquele inimigo que te matava em dois turnos virando "grana fácil" na sua mão após algum grinding. Além disso, você conhece algum jogo onde, após salvar a princesa, você sai carregando ela nos braços pelo mundo afora? Eu nunca vi o Link carregando a Zelda, nem o Mario fazendo isso com a Peach, mas aqui você sai com a Gaelin no colo, no melhor estilo "príncipe encantado". E isso não é o fim do jogo, pois depois disso ainda falta chutar a bunda escamosa do Dragonlord. Caso você queira, pode até largar ela lá no túnel pra sempre, terminado o jogo sem salvá-la. Além disso, o jogo tem dois finais, um bom e um ruim (caso você aceite a proposta do Dragonlord e se una a ele no fim do jogo). Com isso, apesar de sua dificuldade absurda e de seu nada popular sistema de jogo, Dragon Warrior mostrou que os RPGs eram um gênero que tinha tudo pra fazer sucesso (como a era 16 bits provou anos depois), consolidando uma série de RPGs que até hoje é um sucesso estrondoso (no Japão, games da série só podem ser lançados em feriados para evitar confusão nas lojas!). Uma ótima alternativa pra quem quer um RPG de 8 bits de qualidade.
NOTA FINAL: 8,8
DRAGON QUEST É UM JOGO DIFÍCIL, MAS O SOFRIMENTO É RECOMPENSADO. VALE A PENA PRA QUEM QUER UM RPG DESAFIADOR E DIFERENTE.
4 comments:
Não tenho muita certeza, mas acho que os primeiros Final Fantasy lançados também pra NES tinham esse negócio de Level Grinding... RPGs 8-bits são trabalhosos pra caramba!
Me corrijam se eu falei merda... Não sou fã de RPGs e por isso nunca joguei muito nenhuma dessas duas séries!
Bem, já que estamos falando de Final Fantasy e Dragon quest, por que não fazer uma matéria sobre Final Fantasy Mystic Quest(Snes)? Uma outra matéria boa seria sobre Star Ocean (Snes).
pois é, sei que é um pecado mas vou assumir: nunca joguei final fantasy ou algum dragon quest. nunca gostei de RPGs e concluo que o único que presta (na minha opinião, ok rpgzeiros?) é zelda. ponto final. jah zerei ocarina of time, majora's mask, wind waker, a link to the past... mas acho que o ponto principal é pelas batalhas não serem em turnos. ah, também comecei a jogar chrono trigger e até que eu evolui bastante mas agora emplaquei em uma parte "dificélima" e parei... snif...
No Japão, a confusão com os lançamentos de games começou com o lançamento de Dragon Quest 3; no dia do lançamento do jogo, o país inteiro literalmente parou(até mais do que pararam hoje por causa do Terremoto... assistam o jornal e vejam as notícias da tragédia 11/03 :( )! As pessoas faltaram nas escolas e no trabalho só pra correr às lojas e comprar o bendito jogo! Quem diria que um videogame fosse mudar a própria história da Economia japonesa...
Dragon Quest eu nunca cheguei a jogar muito(só consegui encontrar as versões em Japonês, na época,e não me interessei), e até hoje me arrependo. Durante décadas DQ rivaliza com Final Fantasy pelo título de saga de RPG mais bem sucedida(mesmo hoje, quando a Square e a Enix são uma só empresa e produzem os dois jogos), e os dois ajudaram a escrever a própria história dos videogames. Algum dia eu pretendo explicar isso melhor, em uma resenha.
Tristan, a questão do inventário limitado é para aumentar o realismo(afinal, tenta imaginar um guerreiro com duzentas poções nos bolsos?); isto vem dos RPGs de mesa, onde cada personagem tem um "limite de carga", ou seja, quantos itens pode carregar, de acordo com sua força e espaço nos bolsos. Este mesmo sistema de espaço limitado é usado em quase todos os RPGs eletrônicos. Além disso, os RPGs provaram que tinham tudo pra fazer sucesso ainda na Era 8 Bits(prova disso é que parte do fracasso do Master System no Japão era ter poucos RPGs).
P.A., o Level Grinding também existe em praticamente todos os RPGs(e não só nos primeiros Final Fantasy), com ligeiras mudanças aqui e ali. Em geral, só o que muda é o nome mesmo: acumular pontos de experiência, ganhar XP, subir de nível etc.
Anônimo, eu falei um pouco sobre o Final Fantasy Mystic Quest nas resenhas de Final Fantasy V e VI; eu peremptoriamente me RECUSO a falar mais sobre essa m..., que nem Final Fantasy de verdade é! Por outro lado, eu estou escrevendo a resenha do Star Ocean(esse sim vale muito a pena).
Postar um comentário