Desert Strike - Return to the Gulf (Mega e Snes)
Gênero: Simulador de Guerra/Ação
Fabricante: Eletronic Arts
Lançamento: 1992
Jogadores: 1
"Warning! Low fuel!"
Entre 1990 e 1991 aconteceu a Guerra do Golfo (durante o governo do então presidente George Bush, o pai... tal pai, tal filho...), que na mídia da época chegou a ser chamada de "Videogame War" por causa das imagens transmitidas pelos bombardeiros americanos durante a Operação Tempestade no Deserto, que lembravam os games de simulação. Não vou entrar na polêmica da guerra (mesmo porque violência nos games e fora deles é assunto pra um outro post) mas, verdade seja dita, a Guerra do Golfo acabou inspirando alguns bons games. E um dos melhores é justamente o primeiro game da série Strike (que eu mencionei no top 20 melhores games de Mega Drive), lançado inicialmente para Mega e depois portado para Super Nintendo e outros consoles.
Atacando um acampamento inimigo
Em Desert Strike: Return to the Gulf (Ataque no Deserto: Retorno ao Golfo; acho que nunca vi um game com referências tão explícitas...) o jogador controla um helicóptero Apache para cumprir as missões, destruir bases, armas e veículos inimigos e resgatar prisioneiros. Mike Posehn, o game designer principal, disse que se inspirou bastante no game Choplifter (que, aliás, também vale uma resenha futura), que também é um simulador de helicóptero e guerra em que se deve resgatar prisioneiros; entretanto, enquanto Choplifter tinha uma perspectiva horizontal - ou seja, de um lado pro outro - os sprites de Desert Strike foram todos modelados em 3D para pôr o game em perspectiva isométrica (dando aos jogadores a sensação do 3D no game). A história é ligeiramente baseada na verdadeira Guerra do Golfo: um ditador chamado Kilbaba "The Madman" toma o controle de um estado não-nomeado na região do Golfo (ou seja, do mesmo jeito que Saddam Hussein invadiu o Kwait; o próprio Kilbaba é bem parecido com o Saddam) e os Estados Unidos enviam um único mísero helicóptero para destruir o exército e as bases de Kilbaba. Pois é, neste game, os States têm ainda menos respeito pelo ditador que na vida real (já que na vida real eles pelo menos enviaram o exército inteiro).
O ditador Saddam Kilbaba "The Madman"
Não há muito mais o que dizer sobre a parte gráfica, exceto que este é, sem dúvida, um dos jogos com os melhores gráficos da época (o melhor do Mega, com certeza, naquele ano). Mike Pohsen teve que tirar leite de pedra com a resolução reduzida do Mega Drive (320x240) para deixar o game do jeito que queria e mostrar o máximo possível da tela sem reduzir a qualidade gráfica... Todos os objetos, veículos, máquinas e construções estão muito detalhados e realistas; os mapas das fases, embora sejam parecidos com os de Sim City, cumprem bem sua função (além de serem enormes), com inimigos e coisas escondidas espalhados por todos os lados. Além disso, Desert Strike conta ainda com ótimas cutscenes e animações, o que só realça ainda mais o realismo do game.
Contra um tanque
A jogabilidade é no começo complicada para os novatos (e foi ainda mais complicada pra quem jogou na época); diferente da maioria dos outros games de helicóptero e nave até então, e do próprio Choplifter, o direcional imita os movimentos de um manche de verdade, ou seja, direcional pra direita e esquerda faz o helicóptero girar em sentido horário e anti-horário, enquanto que direcional pra cima faz o helicóptero avançar na direção que sua frente estiver apontando, e direcional pra baixo o faz recuar. Essa jogabilidade dificulta bastante no início (fácil demais fazer o helicóptero bater em tudo que tiver na tela), mas se torna bem intuitiva depois de se acostumar. O helicóptero Apache conta com três tipos de armas: metralhadora, foguetes e mísseis. Saber economizar munição, combustível e blindagem, além dos próprios itens espalhados nas fases (aqui chamadas Campanhas) é essencial nas missões (alguns inimigos têm a blindagem tão forte que só podem ser destruídos com mísseis). O jogador decola de uma base num ponto do mapa e deve cumprir todas as missões; terminadas as missões, ele deve retornar à base para ir para a próxima Campanha; parece fácil, mas acreditem, it's hard... A tela de pausa mostra o inventário do jogador, onde ele vê o mapa geral da fase com as localizações de pontos estratégicos, itens, inimigos e o que mais for, o guia de missões, de inimigos e o próprio status; na tela de jogo não há nenhum indicativo das condições do jogador, embora costume soar um alerta quando há pouco combustível ou blindagem (no caso da falta de munição, em vez do barulho de tiro o jogador ouve um "click" de arma vazia), e isto acaba pegando os jogadores menos cuidadosos que esquecem de ver o status.
Morri! F#@$%!
Porém, a jogabilidade não é a única dificuldade: existem poucas vidas, a blindagem do helicóptero é bem fraca (uma dúzia de mísseis e o helicóptero explode), o combustível é limitado (sem combustível o helicóptero cai e explode) e os inimigos são todos MUITO fortes, mesmo os homens a pé; além disso, os itens são bem raros (principalmente blindagem; felizmente, resgatar prisioneiros e levá-los à base também recupera energia) e devem ser pegos com o gancho (posicionando o Apache em cima do item, o gancho desce automaticamente), o que acaba fazendo o jogador gastar bastante tempo (azar se estiver com pouco combustivel; já morri várias vezes com os galões no gancho...). A quantidade de inimigos e missões impressiona, chega a ser covardia a dificuldade das fases... Embora as missões tenham uma ordem fixa, às vezes é possível completar algumas fora de ordem, mas não é muito aconselhável para jogadores que não tenham experiência com as fases, pois mesmo com a tela de status e missões pode ficar difícil se localizar e saber o que fazer. Caso o jogador faça algo que não deva fazer (como matar um personagem importante, ou destruir algum prédio aliado) ele é obrigado a retornar à base e recomeçar a missão do zero.
A base inicial, no navio
Todos os sons de tiros, movimentação e explosões estão bem definidos (e adequados pra quem só houve esses sons em filmes de guerra); durante as fases, nenhuma música é tocada (para não atrapalhar sons importantes nas missões, principalmente o barulho de pouco combustível e de falta de munição); existem poucas músicas, mas elas são adequadas ao game, dão aquele climão de guerra (não devem em nada a jogos posteriores, como Medal of Honor, por exemplo); destaco principalmente a música de abertura (fodônica!). Nota máxima pra sonografia, e média para a pouca quantidade de músicas.
Pois é, Bush te escolheu pra Cristo, piloto do helicóptero
Desert Strike é um game que envelheceu muito bem. Mesmo hoje em dia, com games usando o "3D verdadeiro" em vez de uma perspectiva isométrica que simula 3D, o game ainda tem gráficos capazes de impressionarem a geração atual. Sua dificuldade elevada foi proposital: Mike Posehn, o game designer, detestava a jogabilidade tradicional dos games, e por isso impôs tantas diferenças em Desert Strike em relação a seus jogos contemporâneos (e mesmo à maioria dos games atuais). Chega a ser engraçado que, para um game SEM CHEFES, ele seja tão difícil... Lançado pouco tempo depois da Guerra do Golfo, Desert Strike chegou a ser apontado pela mídia da época como um game de "mau gosto" (segundo uma revista, teve até veteranos da Guerra do Golfo que queimaram cartuchos do game!); entretanto, isto não interferiu na popularidade do jogo, chegando a ser, durante muito tempo, um dos games mais vendidos da EA. É preciso levar em conta que, embora lançado logo após a guerra, a intenção dos produtores não era "promover" a guerra ou qualquer coisa relacionada a ela (principalmente matança e discriminação); é inegável porém, que o game se aproveitou da popularidade da guerra para se promover também... Entretanto, o que mais conta é que Desert Strike é auto-suficiente o bastante para, mesmo sem se apoiar numa guerra verdadeira, continuar sendo um excelente jogo.
"Que desperdício de petróleo!" - George W. Bush
NÃO APENAS UM EXCELENTE SIMULADOR, MAS TAMBÉM UM DOS MELHORES JOGOS DO MEGA DRIVE, RECEBEU CONVERSÕES IGUALMENTE BOAS E, O QUE É MELHOR, QUATRO CONTINUAÇÕES! UMA SÉRIE QUE TEVE SEU AUGE NA ERA 16 BITS, MAIS UMA VEZ PROVANDO QUE A CAPACIDADE DO VIDEOGAME NÃO É O QUE CONTA, E SIM A COMPETÊNCIA DA DESENVOLVEDORA.
Plataforma:
Mega Drive,
SNES
8 comments:
Realmente ótimo jogo lembro que quando ei final pele primeira vez foi algo surpreendente ainda mais pra época tínhamos que destruir usinas nucleares regatar funcionários da ONU e destruir F15 abatidos eram missões extras.
Isso, continuem com os reviews!
Eu adoro a categoria Piores Capas de Jogos, mas os reviews são os posts que destacam o Museum dos Games!
já zerei muito Nuclear Strike. preciso destrinchar esse game no Mega. e está melhor do que eu pensava
eu gostava do jungle strike que é basicamente a mesma coisa do desert strike só que na selva :)
Joguei muito, não só esse como a série toda :D
Esse site é simplesmente fantástico!
Dá vontade de voltar a jogar todos os jogos que vocês comentam!
Muito bom, parabéns mesmo pelo trabalho!
Engraçado que eu nunca consegui curtir muito nenhum dos jogos da série Strike, acho que por não entender muito bem como o jogo funcionava na época. Ou talvez por causa da visão isométrica, no passado tive um pouco de bronca de jogos assim. Ou os controles mesmo que, como vc disse, eram bem complicados para novatos. Sei que preciso tentar jogá-los nos dias atuais pra ver o que acharia do jogo. Confesso que bateu a vontade de tentar.
Mais curioso ainda é que eu adoro Choplifter até os dias atuais, não fazia idéia de que Desert Strike se inspirava nele, mas faz todo sentido.
Não lembrava da Operation Desert Strike, verdade. Isso deu um certo reboliço na época.
Muito bom o post!
Abraço
tenho 31 anos, meu primeiro game foi um atari, E ESSE JOGO, FOI AS 4 FASES + DIFICEIS DA MINHA VIDA!! se me lembro bem, fiquei quase 1 ano pra zera esse jogo, são 4 fases, a terceira é a + fudida, esse jogo é d+!! na minha opnião, um dos melhores d todos os tempos, gostaria q fizessem + jogos assim, muito dificil + não apelativo, ele é dificil, + com treino e pratica vc consegue passa d boa, e o melhor, esse jogo prende a atenção
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