Gênero: Beat n'Up/Luta
Fabricante: Sega
Lançamento: 1994
Jogadores: 1 a 2
"Grand Upper!"
Encerrando a trilogia da melhor série de beat n'up do Mega Drive,
Bare Knuckle/Streets of Rage 3 tentou fechar com chave de ouro as aventuras de Axel, Blaze e cia., MAS... nem tudo foram flores. O que era para ser o melhor e mais bem feito jogo da franquia acabou encontrando vários problemas, entre eles cortes e censuras... Por outro lado, muita gente gosta de olhar apenas os defeitos e acabam deixando de lado as muitas qualidades deste jogo. Como eu disse
no Top 20 de Mega Drive, SoR3 é o meu jogo favorito da série, e acho que é minha obrigação resenhá-lo de forma adequada (ainda mais que foi o P.A. quem
resenhou o 1 e o
Tristan o 2... nada mais justo me sobrar o 3, então).
Lançado inicialmente no Japão,
Streets of Rage/Bare Knuckle 3 é conhecido hoje como um dos games que mais sofreu censuras e modificações em sua versão Ocidental. A própria história do jogo foi alterada: na versão japonesa original, um novo tipo de explosivo chamado "Laxine", descoberto por um certo Dr.Gilbert
que eu não vou dizer que na verdade é o Zan, causou uma explosão na cidade, matando milhares de pessoas, ao mesmo tempo que um general chamado Ivan Petrov desapareceu; Axel e cia. descobrem que o culpado por tudo é o
imortalMr.X, que pretende usar a Laxine para iniciar uma nova Guerra Mundial. Na versão ocidental, além de não haverem referências ao explosivo Laxine, Mr.X pretende meramente tomar o controle da cidade usando substitutos robôs para as autoridades (como o chefe de polícia). Independente da história, Streets of Rage 3 segue a premissa da série: um clássico Beat n'Up, em que controlando um dos quatro personagens disponíveis o jogador (ou os jogadores, no modo 2-Players) passa pela fase surrando membros de gangues, bandidos, ninjas, robôs e delinquentes em geral (todos clones um do outro, pra variar). SoR3 não economiza na pancadaria: dos três games originais, este é o que tem mais oponentes vindo de uma vez (fica até difícil achar os personagens jogadores no meio da multidão); até dez oponentes costumam vir pra cima dos jogadores (dependendo da dificuldade).
As chefes gêmeas estão de volta!
A parte gráfica recebeu algumas melhoras em relação ao game anterior (mas não tantas quanto SoR 2 recebeu em relação ao primeiro jogo). Os sprites dos personagens ainda são praticamente os mesmos de Streets of Rage 2, com ligeiras alterações; embora até mesmo os sprites da maioria dos oponentes foram reaproveitados (o bom e velho Galsia e seus muitos clones estão de volta!) e até uma fase inteira (a fase do elevador dentro do prédio), houve uma certa mudança de qualidade nos cenários das fases, que estão maiores e com mais telas; estão, entretanto, ligeiramente mais escuros em SoR3 (ressaltando o clima de madrugada do jogo), mas nada que prejudique. O que realmente prejudicou foi a retirada de várias cutscenes, como a explosão de Laxine, a animação de Axel socando a tela, a cena da cidade destruída (no final ruim), o rosto do general/chefe de polícia e muitas mais.
Uma das animações cortadas no Ocidente!
Embora muitos prefiram a jogabilidade de Streets of Rage 2, a jogabilidade em SoR3 recebeu fortes melhoras: além de toda a movimentação do game anterior ter sido melhorada (os movimentos estão mais ágeis, menos travados), Axel e cia. receberam muitos novos movimentos (aproveitando o uso do controle de seis botões do Mega, que já havia sido lançado na época); como socos e chutes para trás, desviar para cima e para baixo, além de novos combos. A corrida (direcional duas vezes pra frente, antes executável apenas por Skate/Sammy) agora está disponível para todos os personagens, que podem correr indefinidamente pela tela, além de combinar corrida com soco para novos ataques (
Retatá Grand Upper!), como no game anterior. Além disso, de acordo com o desempenho do jogador, é possível ganhar upgrades nos ataques: quanto mais oponentes o jogador derrotar sem perder nenhuma vida, ele ganha estrelas (no máximo 3) que aumentam a força e velocidade do ataque de corrida, além de deixá-lo diferente (Axel, por exemplo, passa a girar antes de aplicar o gancho, atingindo mais oponentes). Há muitos golpes e técnicas novos, sendo que é possível combinar alguns especiais com armas (como Axel com a espada samurai ou Skate com uma faca), além de combinar golpes entre os jogadores (como Axel e Blaze, que podem se impulsionar). Mas sem dúvida o melhor upgrade foi a barra de especial: no jogo anterior, o botão de especial(A) fazia o jogador lançar um golpe mais forte em troca de energia (pena que tiraram o
"chamar a polícia" do primeiro game...); agora, uma pequena barra de poder se carrega, e o jogador pode lançar o especial sem perder energia (a menos que a barra de especial não esteja cheia, com a palavra "OK" em cima).
RETATÁ!
A Inteligência Artificial dos oponentes foi bastante melhorada; os oponentes agora cercam bem os jogadores, atacam de diferentes formas em cada fase, além de roubarem itens (como armas e comida). Foram trazidas de volta também situações do primeiro Streets of Rage, como armadilhas, bombas e buracos of death (legal demais agarrar um oponente e jogá-lo no buraco), além de novos tipos de desafios como máquinas que tentam atropelar ou eletrocutar os jogadores. Outra vantagem (na minha opinião) é que finalmente tiraram o incômodo limite de tempo das fases, que obrigava os jogadores a derrotarem os inimigos mais depressa, sem poder "saborear" direito a pancadaria (nada como encher os oponentes de joelhadas)... Além disso, para felicidade geral, está de volta o modo Vs. inaugurado em Streets of Rage 2, garantindo aos jogadores a opção de lutarem um contra o outro.
O trator!
Streets of Rage 1 e 2 ficaram famosos em grande parte graças à qualidade de sua trilha sonora, criada pelo mestre Yuzo Koshiro (que fez a trilha sonora de todos os grandes clássicos do Mega Drive, como Streets, Shinobi, etc.). Apesar de Yuzo também ter composto a trilha sonora de Streets of Rage 3, houve muita decepção quanto às músicas, que eram bem diferentes dos jogos anteriores. Acontece que Yuzo seguiu as tendências da moda: Música Hard Techno era o estilo favorito das discotecas japonesas na época, e em vez do estilo dos games anteriores (Techno Rock), Yuzo compôs toda a trilha sonora de SOR3 no estilo Hard Techno (usando uma nova tecnologia, desenvolvida por ele próprio, e que foi bastante aclamada pelos fãs do estilo). Uma pena que este estilo estava bem longe de ser o favorito do resto do Mundo (principalmente do Brasil...), e foi um dos principais motivos para Streets 3 não superar Streets 2 na preferência dos gamers; este estilo foi usado também para dar maior ênfase ao fato de SoR3 ter mais oponentes mecânicos, como máquinas e robôs (afinal, a música de SoR3 lembra bastante "música de robô", por assim dizer); felizmente, o tema clássico de Streets of Rage (que o Tristan tanto gostou no 2º game) também está presente em SoR3 (apenas no final), mas infelizmente foi trocado o tema da tela de seleção de personagens. Quanto aos efeitos sonoros, apesar de haver mudanças nos dubladores de SoR2 para SoR3, apresentam a mesma qualidade do game anterior, exceto na versão ocidental, que teve SÉRIOS problemas quanto a isso; as vozes foram alteradas, ficando mais graves e roucas, ainda mais artificiais, além da mudança no texto (por exemplo, em vez de gritar Grand Upper, Axel arrota Bare Knuckle ao desferir seu golpe; por que raios usaram o nome do game japonês como nome do golpe Ocidental é algo que nunca iremos saber).
Confesse: pelo menos uma vez você já pausou nessa parte...
As diferenças entre as versões Oriental e Ocidental são muito óbvias: pra começo de conversa, Axel, Blaze e Sammy/Skate (sim, o pentelho de patins também está de volta) tiveram as cores de suas roupas mudadas (azar maior do Axel, que ficou com uma camisa cor de mijo; por outro lado, até que gostei da Blaze com roupa branca, pra variar); o chefe Shiva também teve sua roupa mudada, de verde para azul. Todas as oponentes mulheres tiveram alterações em seus sprites, tornando suas roupas menos sensuais (pelo menos não fizeram como em Final Fight e transformaram as mulheres em homens...), e um personagem inteiro foi limado do game: Ash, o chefe
dublê de Pit-Bicha da fase do porto simplesmente não existe no game ocidental (muito provavelmente por ele ser uma clara referência ao homossexualismo). Houve ainda outras pequenas alterações, como detalhes nos cenários, em alguns oponentes (as luvas de boxe de Roo/Victy mudaram de cor, bem como as luvas de Break/Axel Robô), nomes de alguns personagens (como as chefes Yasha e Onihime/Mona e Lisa) etc. Entretanto, a alteração menos aparente é a dificuldade: embora Bare Knuckle 3 tenha quatro níveis de dificuldade e Streets of Rage 3 tenha apenas três, SoR3 está bem mais difícil que a versão japonesa; para se ter uma idéia, o modo "Normal" de SoR3 é mais difícil que o modo "Very Hard" da versão japonesa! Isto se deve ao fato de os oponentes tirarem mais energia e perderem menos na versão ocidental. O site
Streets of Rage Online, o mais completo que já vi, mostra as centenas (é sério, CENTENAS) de alterações que houveram na transição da versão japonesa pra ocidental.
Ash, o chefe cortado da versão ocidental
Um detalhe muito bom de Streets of Rage 3 é o fato de que este é o jogo da franquia com maior número de personagens disponíveis (exceto o Streets of Rage Remake, mas isto é uma outra história): Axel, Blaze e Skate/Sammy estarem de volta, além de Zan (um ciborgue careca, que substituiu o grandalhão Max como 4º membro do grupo, para infelicidade de muitos fãs), é possível jogar com três dos chefes do jogo: o Ash (acessível apenas com Game Genie, na versão ocidental), o canguru(!!) Victy/Roo e ninguém menos que Shiva, o vilão preferido dos fãs de SoR! Embora eles possam ser acessados no jogo fazendo certas coisas (com exceção de Ash na versão ocidental), é possível usar qualquer um dos três desde o começo através de códigos. Entretanto, os fãs são unânimes: tanto Adam (irmão de Sammy/Skate) do primeiro SoR, quanto Max de SoR2 fazem muita falta (em SoR3/BK3 os dois só aparecem em algumas cutscenes no final do jogo).
Victy/Roo, o canguru apelão
Além de tudo isso, SoR3 contou ainda com a vantagem de ter vários finais (à semelhança do primeiro game): de acordo com o que se faz durante o jogo, é possível acessar os finais Bom, Neutro 1, Neutro 2 e Ruim; isto contribui imensamente para o replay, fazendo os jogadores jogarem novamente para testar os diferentes personagens, fases secretas e finais. Outro detalhe interessante em SoR3 é o fato de que muita coisa foi cortada deste jogo antes mesmo de seu lançamento no Japão (como se quisessem lançar o game às pressas): fases, oponentes, sprites... através de várias fotos de Betas que saíram na net, é possível ver alguns dos estágios perdidos, o que gerou algumas lendas (e que, claro, irei postar aqui no Museum).
Jogando com Shiva
Lançado no fim da vida do Mega Drive, Streets of Rage 3 era para ter sido o melhor game da série; entretanto, a já reduzida popularidade do Drivo (maldito 32X!), somadas às alterações gráficas, sonoras e na história na versão Ocidental, além da própria trilha sonora "insatisfatória", contribuíram para que este jogo acabasse ficando atrás de Streets of Rage 2 na preferência dos fãs... Felizmente não alteraram a jogabilidade, afinal o que mais interessa em Streets of Rage marca muito bem sua presença no 3º game: a diversão da pancadaria! Independente de ser versão japonesa ou americana, com censura ou sem censura, Streets of Rage 3 ainda é Streets of Rage, a série que popularizou o termo "Videogame de Briga de Rua" e, apesar dos problemas, encerrou bem a série no Mega Drive. Enquanto a Sega não se decide em fazer uma continuação (quatro tentativas canceladas já...), a trilogia Streets of Rage se mantém soberba e eterna como um dos melhores games de Beat n'Up que já existiram num console.
You hear that, Mr. Anderson? That is the sound of inevitability!
NOTA FINAL: 9,5 (Obs.: 9,9 para a versão japonesa)
O ÚLTIMO GAME DA SÉRIE, LANÇADO MEIO TARDIAMENTE E ENFRENTANDO MUITOS PROBLEMAS, MAS MANTENDO SUA QUALIDADE, GARANTE A DIVERSÃO PARA OS FÃS DE BEAT N'UP E DA SÉRIE. STREETS OF RAGE, ETERNO!
10 comments:
First!(calma P.A, to só zuando).
Realmente esse jogo é muito bom, é o único da série que me agrada.
Perguntas: pode ser impressão minha, mas será que a versão japonesa é mais rápida (jogadores parecem golpear e correr com mais velocidade) que a ocidental?
Existe uma continuação desse game?
VLW
Não brinca com o P.A., Vinicius, que o chefe é estressado demais e é capaz de deletar todos os seus comentários...
Respondendo a sua pergunta: eu acho que essa impressão de a versão japonesa ser mais rápida que a ocidental é só impressão mesmo; a versão ocidental é mais difícil(falha minha: esqueci de postar que a versão ocidental teve sua dificuldade aumentada, mas já editei o post), e talvez isso cause essa impressão de rapidez(já que os inimigos morrem mais facilmente).
Quanto à continuação, isso eu falei no post: até agora a Sega já desistiu quatro vezes de fazer o Streets of Rage 4(cinco, se contar o fato de que que eles se mostraram interessados em oficializar o Streets of Rage Remake, mas depois deram pra trás).
RETATÁ!
realmente gosto muito desse, pois tem os golpes que evoluem enquanto acumula pontos. mas o meu favorito ainda é o primeiro, pois tinha o Adam e eu era praticamente invencível com ele. no máximo perdia um continue naquelas clones da Blaze num dia ruim.
e o chefão de game, pedreira de matar a tempo para fazer o final bom
Muito bom o texto, bem completo. Não sabia que a versão americana tinha sido tão censurada. Vou ter que zerar a japonesa agora :D
"Grand Upper" nada, o correto é "É TAPÁ!"... kkkkkkkkk (escrevi antes de ler o "Retatá").
Nem sabia que existia essa tela do Axel quebrando o vidro! Não cheguei a jogar a versão oriental do jogo, agora fiquei curioso, quanta censura e mudança!
A versão ocidental vou te falar que não gostei tanto o primeiro e principalmente o segundo jogo, mas quem diz que este é ruim está cometendo uma tremenda sacanagem. O jogo é bom sim, concordo com vc!
Eu digo o mesmo da trilha sonora: prefiro os dois primeiros, mas não acho que seja ruim a do terceiro. Na verdade não me lembrava muito bem dela, então estou escutando aqui novamente para relembrar e é bacana sim, mesmo tão diferente das anteriores. Não tinha reparado na influência de Hard Techno, bem interessante!
Aliás, muito bom o post, cheio de informações!
Pra mim, o grande defeito de Streets of Rage 3 foi a trilha sonora "dorgas". Entendo que o mestre Yuzo Koshiro quis usar o gênero mais em moda no Japão, mas ele mudou muito o que os fâs já acostumaram. E a parte gráfica também tem seus defeitos: não recomendo a fase da danceteria a gamers que sofram de epilepsia, pois ela deve fazer mais mal que aquele episódio do Pokemon que eu citei nas Lendas dos Games.
Voltando ao assunto do som, digo que ele matou o jogo por um motivo: Streets of Rage não é um jogo que tem uma trilha sonora, e sim uma música que tem um jogo. Se ele tivesse simplesmente repetido a trilha do jogo anterior, seria com certeza o melhor jogo da franqui (claro, faltaram o Max e o Adam também, e eu tiraria o Zan que pra mim é o pior personagem da franquia toda!)
E não se preocupem, caros leitores, logo logo eu volto à ativa. Em breve postarei mais reviews e matérias!
Instante vontade de jogar todos os três!
parabens ao blog por estar postando com mais frequencia.
nem sempre da tempo de deixar um comentário, mas sempre visito.
só joguei o primeiro... era um dos meus favoritos.
é muito boa a sensação quando voce começa a lembrar de coisas que nem lembrava que lembrava (deu pra entender, ne?)
abs
https://youtu.be/KnO9ai1AYYk
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